Confira as razões pelas quais as mulheres têm medo de encarar o biquíni

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Zero Hora

Parece contradição, mas é dado comprovado em pesquisa: as mulheres são desinibidas ao tirar a roupa para o parceiro, mas se sentem absolutamente desconfortáveis na hora de vestir o traje mais usado da estação. O problema não é estar acima do peso. Também não é assumir as gordurinhas na intimidade com o parceiro. Difícil mesmo é encarar o biquíni.

Uma pesquisa realizada pelo instituto Ideafix com 800 mulheres de 18 a 45 anos, em quatro capitais brasileiras, entre elas Porto Alegre, mostra que 40% delas evitam biquíni por estarem acima do peso. Por outro lado, 80,3% não têm vergonha de mostrar o corpo ao marido. Para completar, 10% das brasileiras deram nota zero para seu corpo de biquíni.
— O biquíni é muito mais do que uma roupa, é uma filosofia de vida. Vestir o biquíni significa dizer: “Estou me sentindo bem com o meu corpo da melhor forma possível”, e cada um tem o seu corpo melhor possível — diz o endocrinologista Alfredo Halpern, da Universidade de São Paulo, convidado pela Nesfit para comentar os dados da pesquisa encomendada pela marca.

Esta filosofia está repleta de contradições. Os dados mostram que 68,1% das brasileiras querem emagrecer, sendo que 47,4% gostariam de perder 10 quilos ou mais, mas 52,1% já seriam mais felizes com cinco quilinhos a menos. No entanto, 49,3% não fazem esforço para isso.
— Não cai do céu, exige comprometimento. A manutenção de um peso adequado exige mudança permanente de estilo de vida – comenta o psicólogo Marco Tommaso.

Mudar o estilo de vida não tem nada a ver com fazer dietas de restrição alimentar, apesar de este ser um recurso adotado por 57% das porto-alegrenses. Enquanto 80% mudam a alimentação durante o regime, apenas metade faz atividade física. A falta de tempo é o principal argumento de 66% delas para justificar o sedentarismo.

— Qualquer exercício é melhor do que nenhum exercício. Não precisa correr uma hora, 10 minutos de musculação, duas vezes na semana pode ajudar a manter a massa magra – ensina o educador físico Dudu Netto.

Ou seja, tem que encaixar um tempinho na rotina para se mexer. Ainda mais que o corpo desejado pela maioria das entrevistadas é o tipo “gostosa”, com 47,9%. Contudo, apesar dos prováveis benefícios estéticos, a maior vantagem de se adotar hábitos saudáveis é deixar a vida mais gostosa, permitindo-se descobrir a beleza que está muito além do biquíni.

O padrão está fora do padrão

Se é que o mundo da moda convenciona aquilo que chamamos de “padrão de beleza”, algo parece estar errado. Somente 1% das pessoas se enquadram no biotipo “modelo”.

— O padrão está fora do padrão — avisa o psicólogo Marco Tommaso.

A dica dele é descobrir o que cada mulher pode mudar e conviver adequadamente com aquilo que não pode ou não quer mofidicar.

— A não aceitação de si mesma causa um prejuízo à vida social — diz.

A psicóloga Cristina Copett fala de um ideal narcísico patológico, no qual a mulher substitui essência por aparência. Neste cenário, são comuns os distúrbios, como anorexia, bulimia e o transtorno dismórfico corporal, geralmente associados a fatores como depressão e fobias sociais. Para driblar esses transtornos, é indicado acompanhamento multidisciplinar que permite ao paciente mudar seu conceito da própria aparência, o que é possível e o que não é possível modificar para não ficar refém de valores estéticos.

— A beleza não é só física, é mental. Quando a pessoa está de bem consigo mesma, isso transparece também no corpo — ensina a psicóloga.

Não pule o café da manhã

O endocrinologista Alfredo Halpern afirma que uma das condições essenciais para perder — e manter — o peso adequado é o café da manhã. A importância da primeira refeição para o emagrecimento está comprovada por estudos científicos, segundo Halpern:

— Todas as pesquisas indicam que a hora que você come pode ser importante para metabolizar os nutrientes.

Para o educador físico Edu Netto, quem toma café da manhã tem um estilo de vida saudável no conjunto de suas atitudes.

— É comum a pessoa começar a controlar mais a alimentação por conta do exercício físico — exemplifica.

A nutricionista Júlia Melnick reforça a importância da refeição matutina para manter o peso:

— Sem ele, chegamos com muito mais fome na hora do almoço. Além disso, o jejum prolongado diminui o gasto calórico, prejudicando o emagrecimento.

Conforme a pesquisa da Ideafix, 64% das porto-alegrenses dizem tomar café da manhã. A proporção é boa; o problema é o cardápio. Entre aquelas que fazem a refeição matutina, 77% tomam café preto, enquanto somente 12% investem em sucos naturais. Júlia esclarece que o café pode ser uma opção saudável, se acompanhado de um sanduíche ou cereal matinal.

Caminhada é o exercício mais praticado em Porto Alegre. E funciona

Praticada por 60% das entrevistadas que dizem se exercitar com regularidade em Porto Alegre, a caminhada pode ajudar na perda ou manutenção de peso, desde que tenha uma duração prolongada.

— A corrida também é uma boa opção, mas normalmente as pessoas não conseguem praticar por tanto tempo. Além disso, a caminhada tem menos impacto e há menos risco de lesões – adverte a médica do esporte Rosemary de Oliveira Petkowicz.

Outro ponto positivo da caminhada, segundo ela, é que ela é democrática: basta ir a um parque ou mesmo percorrer uma avenida da cidade. Nesta época do ano, o horário de verão pode ser um aliado para adquirir o hábito, aproveitando os dias mais longos.

Conforme a médica, 40 minutos de caminhada, cinco vezes por semana, ajudam a perder peso. Para quem acha impossível dispor desse tempo na agenda — justificativa de 66% das porto-alegrenses para o sedentarismo — a boa notícia é que o tempo pode ser dividido:

— A pessoa pode caminhar 20 minutos de manhã e outros 20 à noite, por exemplo, mantendo os mesmos benefícios não só estéticos, mas também de saúde.

A única ressalva da médica é para quem tem problemas articulares, como artrose no joelho ou no quadril. Nesses casos, é mais indicado optar por um exercício aquático, como hidroginástica, que tem impacto reduzido.

O cardápio das porto-alegrenses

A nutricionista Júlia Melnick disseca a composição do café da manhã das moradoras da Capital, conforme a proporção de consumo dos itens assinalados como sempre consumidos por aquelas que afirmam fazer a refeição matutina.

77% café: pode ser uma opção saudável, desde que a pessoa não tome apenas o café. Também tem que lembrar que a xícara do café da manhã deve ser somada às outras consumidas ao longo do dia, não passando de duas doses diárias.

70,4% pães: é uma ótima fonte de carboidratos, porém, o ideal é a versão integral, rica em fibras. Não deve ser consumido em excesso, devido ao alto valor calórico.

58% manteiga/margarina: têm alto teor de gordura e devem ser usadas com pouca frequência e em pequenas porções. O ideal é a versão sem sal e light.

49% leite: extremamente recomendado, pois é rico em cálcio, que previne a osteoporose, e ajuda muito na saciedade. Pode ser servido frio ou quente, de acordo com a preferência de cada um. Lembrando que o ideal é separá-lo do café preto ou achocolatado, já que esses acompanhamentos podem diminuir a absorção de cálcio. Pode ser consumido puro, acompanhando um sanduíche ou cereal matinal.

35,8% queijo/requeijão: opção também rica em cálcio e bem recomendada, sendo mais saudável e indicada se consumida na versão light ou desnatada, devido à redução de gordura. As versões integrais podem levar ao aumento de peso e de colesterol total.

27,2% frutas: saudáveis, de baixa caloria, riquíssimas em diferentes vitaminas e minerais. Podem e devem ser consumidas diariamente — pelo menos duas ao dia. Lembrando que quanto maior a variedade, melhor. Por serem ricas em fibras, auxiliam no funcionamento intestinal, além de diminuir o colesterol, triglicerídeos e glicose.

18,5% salame/peito de peru/presunto: são considerados embutidos, o que é bastante prejudicial à saúde devido ao excesso de sódio em cada um destes alimentos. Podem causar aumento da pressão arterial, além de aumentar o inchaço ou retenção de líquidos no corpo.

14,8% biscoitos salgados: não são recomendados, pois, no geral, são extremamente pobres em vitaminas e minerais. Além de serem ricos em sódio, prejudicando a saúde, causam pouca saciedade.

12% sucos naturais: muito saudável, porém em dietas de emagrecimento acaba sendo pouco recomendado pela quantidade de calorias. O ideal é que ele seja preparado na hora do consumo e não no dia anterior, para diminuir a perda de nutrientes.

8,6% granola: Pode ser encontrada com e sem açúcar. O ideal é sempre consumir a versão com menos açúcar possível. Existem diferentes versões no mercado, com chocolate, uvas passas e castanhas. Bastante recomendada por ser rica em fibras, porém calórica, por isso, deve-se prestar atenção no tamanho da porção.

7,4% iogurte: Bastante recomendado por ser rico em cálcio, além de ter lactobacilos vivos, que auxiliam no funcionamento intestinal. Lembrando que o ideal é ele ter apenas adoçantes e corantes naturais na formulação.

4,9% cereais matinais: Muito saudáveis nas versões sem açúcar pelo alto índice de fibras, que além de ajudar na diminuição de colesterol, triglicerídeos e glicose, auxilia o intestino e aumenta a sensação de saciedade. Pode ser combinado com iogurtes ou leites.

 

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