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Como vencer os ratos (um quê poético)

Sempre existiram esgotos e ratos. Nós pensamos que isso fosse coisa simples de entender. Nasceu um equívoco neste direcionamento cognitivo que organizou a imagem urbana.

Dentro dos arquétipos instituídos eles se abrigam!

Esgotos são salas de luxo.

Ratos são pessoas.

Dos esgotos saem as leis e os ratos dizem fazê-las cumpridas. Mas são apenas compridas falácias a esconderem o sangue que jorram das mãos.

O esgoto cresceu no Brasil.

Na internet tem pós-verdade, pós-estruturalismo e lacração.

Os ratos estão endinheirados.

O ar do país tem cheiro de silêncio e Covid-19.  Mas os esgotos apagam os indícios das responsabilidades enquanto os ratos invadem moradias pobres e selam destinos de vulneráveis sob o amparo das leis.

A sociedade está cansada de verdades e deseja beber doses de ilusão, pois o político na esquina faz aglomeração e compra futuros.

O peso da consciência não é para qualquer ombro. Inconscientes buscas, fugas, antecipação da morte, cortam as mordidas línguas. Fascismo na família, sentando à mesa todos os dias com o louvor da dor e a mentira servida alimenta o fator RH.

A base do esgoto é familiar. Os ratos rondam o cotidiano.

Quem combate?

A voz da arte. O som do sono que produz o sonho. Luta.

Causas perdidas, casas perdidas. Famílias genocidas!

País de homicidas feito homens, mas são ratos e aprenderam a disparar tiros e notícias falsas.

Ouço um esgar de esperança feito poeta de ressaca, porque está muito difícil manter a porta aberta quando até mesmo o ar está sob o controle do esgoto.

Há um sonho roto de quem já gritou cidadania.

Um ex-amigo escroto exibindo a tarja da misoginia.

Este não era o país que sonhamos, e por isto nós ressuscitamos cada vez que morre um verso usado.

Contra esgotos e ratos, apenas a liberdade de usar as palavras para espalhar magia e profetizar bezenções  nordestinas que possam levar o fascismo para as ondas do mar sem fim.

Um mar em mim. Águas de ti. Renasce o arquétipo tupiniquim de ser brasileiro até em tempo ruim.

Pior sem ti. Pior sem mim.

De mãos dadas pulamos os esgotos e driblamos os ratos.

Haverá mar amanhã.

 

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