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Como tolerar a maternidade roubada?

O patriarcado é invencível?

Acompanhando a luta da mãe Patrícia Garcia por seu bebê Sama, retirado do seu seio sob a acusação de maus tratos e riscos para a saúde por causa da dieta vegana e modo de vida naturalista, feita pelo genitor da criança, conversava com outra mulher/mãe madrugada a dentro e surgiu esta pergunta.

O patriarcado não pode ser vencido?

É doloroso ver Patrícia em uma luta tão desigual do lado de cá da fronteira, onde o Brasil é mais fascista, xenofóbico, etnocêntrico e machista.

Mãe solo, a paraguaia mestranda da Unila em Foz do Iguaçu foi surpreendida em uma manhã de agosto por um mandado judicial que autorizava oficiais de justiça e polícia a levar seu filho que ainda mama e até aquele instante gozava plenamente da livre demanda ao leite materno.

A explicação para o ato seria o risco à saúde, como já relatamos acima, e desde então ela suportou 50 dias sem acesso ao pequeno.

Sua natureza guerreira, no entanto, a impulsionou em uma luta de sensibilização e direito a voz, unindo mulheres de todas as nacionalidades que ainda estão juntas pressionando para que o filho seja devolvido à mãe. Neste caminhar, uma assistência jurídica recebida conseguiu liminar para que Sama passe algumas horas com a mãe diariamente (embora nem sempre esta determinação seja cumprida). O tempo estipulado, porém, foi de apenas três horas diárias.

Desde agosto até agora Patrícia luta! Na esfera judicial seu processo não criou raiz sob a alegação de que não existe uma vara para o caso. Em breve chegará o tempo do recesso natalino mais completo do país, o do judiciário, e estenderá para 2021 o vácuo da desigualdade no trato que foi dado ao pai e vem sendo dado à mãe de Sama.

Enquanto isso nós que acompanhamos esta grande mulher a vemos fazer de sua luta coração, pele, rosto, cabelos, voz; corpo e alma envolvidos!

Como o veganismo foi um forte apelo usado contra a sua maternidade, a jovem mãe se esmera para ampliar as compreensões sobre os benefícios desta política alimentar em lives maravilhosas, que além de instruir, ensina a manusear o alimento transformando-o em saboroso estímulo à vida saudável.

São palavras de Patrícia, a mãe do Sama que fez ao vivo o picolé cremoso de frutas para receber seu pequeno tesouro, embora por tão pouco tempo:

“Hoje foi dia de saborear picolé cremoso de frutas frescas (mamão, manga, banana, a base de água de coco e adoçado com melado, super recomendado! Ficou um manjar, preparação compartilhada ontem no @anamaya_veg). Então este é o horário mais difícil do dia, quando Sama é levado todo o dia, mas a sua vontade é de mamar e mamar e dormir no peito.

É respirar fundo, deitar sobre a terra e olhar o céu.

Falar para o meu bebê que nós estamos juntos, muito conectados; que essa conexão é amor verdadeiro, nunca poderá ser interrompido, porque o cordão umbilical antes de ter sido físico foi espiritual.

Che michimi, che memby ani nde resarai ñaime há oñondive ñande mborayhu guive(meu bebê parte minha, não esqueça que estamos juntos no nosso amor).

Tenho a fé e a esperança que pronto estaremos novamente nos emanando ocitocina a livre demanda 🤱🏽🙏🏾❤️ através do nosso amor incondicional nosso amor natural. Se estamos no amor, não haverá dor. Che memby Sama Ñamandú sejamos forte no amor, te amo com todo meu ser. Agradeço a mãe natureza e a Ñamandú ter nos unido, não existe separação entre mãe/bebê a conexão e a necessidade de um do outro é tão forte e grande que esperamos que as pessoas possam entender é respeitar, que o cordão entre mãe e bebê é ancestral, é espiritual. 🤱🏽🙏🏾”

Exala amor! Crenças salutares! Lutas ancestrais!

Segue indiferente o patriarcado a utilizar seus poderes constituídos nas representações burguesas.

Segue inalcançável o judiciário do Paraná, negando um território jurídico para que o processo brote e crie raiz em Foz do Iguaçu, onde foi cometida a injustiça que inflama cada vez mais pessoas na luta contra a maternidade roubada e o direito do filho ao corpo e amor da mãe.

O blog Livre Pensadora reforça este grito comum: #devolvamSamapramãe

 

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