Como as pessoas se comportam em frente a uma tela de cinema 3D?

O Imparcial

Foto:Reprodução

Como funciona o 3D, quais as sensações de quem assiste, quanto custa, como funciona? Foi para responder questionamentos assim e ainda avaliar a percepção que os espectadores de São Luís tem dessa tecnologia que encanta e fascina cinéfilos do mundo inteiro, que a estudante Marina Fernanda Farias construiu o trabalho de conclusão do curso Comunicação Social, habilitação Rádio e TV, da Universidade Federal do Maranhão.

A pesquisa sobre cinema com o título Cinema 3D: Uma análise sobre a percepção dos espectadores a partir das salas de exibição de São Luís foi um trabalho, segundo a estudante, que uniu o útil ao agradável, pois é fascinada por cinema e adora pesquisar sobre o tema.

“Devido à ascensão de diversas tecnologias, o conceito de cinema tem relacionado antigos e novos processos no desenvolvimento cinematográfico, com a utilização de técnicas como a computação gráfica e o 3D. A partir desta perspectiva, eu pretendi relacionar o cinema de atrações e a técnica do 3D, trabalhando algumas questões como quem consome, que tipo público é esse e qual a sua aceitação sobre a produção cinematográfica que utiliza essa tecnologia”, conta a estudante.

A partir de uma sugestão da professora doutora Rose Ferreira e sob a orientação do professor orientador Márcio Carneiro dos Santos, Marina mergulhou no referencial prático e teórico sobre as nuances do 3D, essa tecnologia tão disseminada, mas com funcionamento desconhecido, por vezes.

Desconhecida e difícil também é a bibliografia a respeito. Para dar embasamento ao seu trabalho Marina recorreu à ajuda, além de alguns trabalhos sobre o assunto, do professor Hélio Godoy, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. A experiência que teve o Laboratório de Convergências e Mídias da Universidade Federal do Maranhão – UFMA foi também de fundamental importância para fundamentação do trabalho.

“Foi um trabalho muito difícil de encontrar bibliografia, então considero que essa pesquisa também pode servir de subsídio para outros trabalhos acadêmicos e científicos. Foi exaustivo, mas contei com a ajuda de muita gente e foi bastante prazeroso ver o resultado”, conta a estudante.

Para produzir sua monografia Marina começou a escrever sobre a fase do “primeiro cinema”, em que o objetivo, antes de contar histórias, era atrair a atenção do espectador, tendo como precursores da modalidade os irmãos Lumière, inventores do cinematógrafo. Outros tópicos como o cinema de atrações ou primeiro cinema também são abordados, bem como “cinema fantasia”, com o objetivo de atrair o espectador através de pequenas trucagens (montagens), libertando o olhar criativo do individuo e assim disseminando a criação dos primeiros efeitos especiais.

REAÇÃO DOS ESPECTADORES

Do cinema narrativo até o 3D, – que segundo a pesquisa, somente em 2007 começam a se popularizar no Brasil e trazer novas possibilidades no meio cinematográfico-, todo o contexto histórico é contado pela estudante a partir da metodologia empregada, pesquisa qualitativa-quantitativa e de campo com a aplicação de 100 questionários realizados de forma aleatória nos principais cinemas da capital.

“Na primeira fase o objetivo era avaliar o nível de aceitação do público com relação aos filmes em 3D e conhecer qual o perfil desses espectadores. As entrevistas foram determinantes para o resultado da pesquisa que visa relacionar a evolução do cinema a partir da tecnologia, relacionando o passado, com o cinema de atrações e o presente, com o 3D”, comenta Marina.

O interesse em pesquisar sobre o 3D surgiu da quase inexistência de fontes sobre o assunto. Por isso, bem mais que agregar conhecimento, a estudante quer disseminar a sua percepção sobre esse tipo de tecnologia e acabar com a curiosidade de muita gente. “Às vezes durante a entrevista as pessoas me perguntavam sobre os óculos utilizados para assistir o filme, como é feito. Então percebi várias reações que pude colocar no trabalho”, assegura Marina.

Além da parte visual, o trabalho de Marina se estendeu para outros campos de estudo, como Física e Medicina. Quando explica sobre o processo da estereoscopia (os primeiros registros do 3D aconteceram através do estereoscópio baseado nas projeções dos raios luminosos nos olhos), Marina fala sobre um ramo da Física, a Óptica. Quando fala sobre as reações, sensações e as diferentes formas de compreensão, aborda a Psicologia.

OS BASTIDORES DO CINEMA

Não só os espectadores foram entrevistados, mas também as pessoas que são diretamente envolvidas na área. Antes de começar o trabalho Marina foi conhecer o cenário, saber como funciona essa projeção digital, tão diferente da película. Na pesquisa de campo, percebeu mudança até nos operadores de projeção.

“É um todo. Não é um trabalho sobre cinema que fala sobre análise de filme ou do roteiro, ou da produção, que geralmente é o tripé de quem estuda cinema. Fui mais fundo, busquei os gestores, os produtores, as pessoas que trabalham na projeção, a forma como é feito, quanto custa, como é trabalhado. É um trabalho abrangente em que percebi que o cinema agora mescla narração e espetáculo numa síntese para continuar atraindo os espectadores”, afirma a estudante.

O resultado desse trabalho, a monografia, Marina não sabe ainda quando vai defender para a banca de examinadores, mas ela sabe bem que por enquanto, vai continuar estudando cinema. Também estudante do 4º período de Jornalismo na Faculdade São Luis, ela afirma que já teve experiências em rádio e impresso, mas almeja a carreira acadêmica.

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