Política se faz com negociação, é verdade. Mas negociar é uma coisa, dizer sim (e sempre) é outra.
Negociar não é entregar os aneis e os dedos.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, aperta amigavelmente a mão dos banqueiros. Eles que representam os juros mais cruéis do mundo – e recaem sobre os mais pobres. Eles que representam uma das poucas parcelas da humanidade a lucrar alucinadamente com ou sem pandemia, com ou sem guerra, com ou sem crise.
Enquanto Haddad cumprimenta seus novos amigos, o povo segue morrendo nas filas do SUS, fazendo vaquinhas em busca de ajuda por tratamentos médicos, humilhados pelo capitalismo privatista brasileiro, como vimos no apagão em São Paulo ou na carestia dos serviços de água e esgoto em Alagoas, terceiro lugar mais pobre do Brasil.
Lula escolheu, em seu terceiro mandato, dar as mãos ao liberalismo mais escravagista e impiedoso, cujo mordomo, Arthur Lira, serve a maçã envenenada ao presidente da República porque ele aceita.
Sim, Lula aceitou devorar o fruto proibido e repete que ele é necessário para a governabilidade.
É mentira. Dizer não também faz parte das regras do jogo. Lula escolhe o sim – e beneficia só os seus.
Seus novos colegas, os liberais, antes tão criticados na campanha. Hoje lambuzado-se no farto banquete do poder.
E nós com as migalhas.