Repórter Nordeste

Com Lessa inelegível, aliados e opositores mudam campanhas


Ao lado do vice Mosart, Lessa mostra 'paz e amor' na campanha

 

A palavra “inelegível” nunca pesou tanto na candidatura do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) como na última semana, quando o juiz da 1a zona eleitoral, Erick Oliveira Costa, rejeitou os argumentos da defesa de Lessa sobre o pagamento da multa de R$ 38.703,44- referente a uma condenação em 2006, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Quem assume o lugar de Lessa? Segundo a lei, um candidato tem até 48 horas antes do dia da eleição- 7 de outubro- para desistir da disputa e colocar em seu lugar um outro nome, desde que seja da mesma coligação.

Não há um plano B no grupo de Lessa, pelo menos por enquanto. E o senador Fernando Collor (PTB) foi o primeiro a mostrar isso. Na última terça-feira, 1, esteve pessoalmente no Fórum Eleitoral Desembargador Moura Castro, onde funciona a 1a zona eleitoral, na avenida Fernandes Lima, em Maceió. Conseguiu uma cópia da decisão completa do juiz Erick Costa para- ele mesmo- tirar as dúvidas sobre o futuro do ex-governador.

Collor leu o documento, conversou com assessores, ouviu o advogado Marcelo Brabo Magalhães, da assessoria jurídica de Lessa.

Notou que, em 2010, Lessa não teve problemas em conseguir o registro de sua candidatura- pelo menos no pagamento da multa de 2006. Notou ainda que esta versão estava sendo “omitida” e o assunto virou destaque em seus meios de comunicação, provocando uma reação do Governo.

Collor procurou saber se a multa havia sido paga. A resposta foi sim. Mas, o pagamento veio fora do prazo- razão para a Justiça Eleitoral negar o registro da campanha.

Ouviu de Marcelo Brabo que o assunto pode ser revertido, ainda na 1a zona eleitoral.

Dias antes da decisão contra Lessa e o aviso de Collor: 'Vão fazer fuxico'

Assumiu, assim, um novo papel na campanha. Primeiro: nada de espalhar a informação de um plano B; segundo: uma mudança radical no ritmo da campanha, com foco no governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

O próprio Collor reclamou publicamente do assunto- sem citar nomes (e nem precisaria). Na semana passada, durante inauguração do comitê do ex-governador, no dia 26, parecia prever o futuro de Lessa.

“Vão tentar fazer fuxico, haverá dificuldades na campanha, mas nós não podemos esmorecer”, disse Collor, em tom de sermão, aos seus “seguidores”. Na camisa, um button com a imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Enquanto isso, dava ordens ao PTB. “O PTB tem 59 candidatos a prefeito em Alagoas. Teremos dois pelotões pelas ruas para mostrar que o melhor candidato é Ronaldo Lessa”, disse Collor- fazendo um contra ponto entre Lessa e o deputado federal Rui Palmeira (PSDB) e o estadual Jeferson Morais (DEM).

“Não podemos eleger candidatos improvisados, sem experiência para administrar Maceió. Esse não é o momento do improviso, é de responsabilidade e experiência”, afirmou o senador.

Ritmo lento

Mas, na semana que passou, o ritmo de campanha de Lessa diminui drasticamente. Saindo a decisão no 30 de julho, no dia 31 teve uma reunião na Associação dos Delegados de Alagoas (Adepol). Brincou com o assunto: disse que falar em inelegibilidade dele “ajudava a promover a campanha”.

No dia 1 de agosto, não houve corpo a corpo com eleitores. Recuperou o ritmo na quinta-feira, 2.

Mas, a campanha de Lessa não enfrenta apenas o pior. Ganhou, por exemplo, o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a foto de campanha ao lado de Lula ainda não apareceu. E o ex-presidente mostrou o seu sorriso ao lado de Humberto Campos, candidato do PT à Prefeitura do Recife. E mesmo ao lado de Fernando Haddad, à Prefeitura de São Paulo.

Entre os que estão com Collor, há reclamações quanto ao estilo “lerdo” dos lessistas.

O argumento: ninguém questiona, por exemplo, que o governador está nas ruas, entregando obras, visitando outras, panfletando, em ritmo de campanha que favorece os dois candidatos do Governo: Rui e Jeferson.

Nenhuma ação jurídica na Justiça Eleitoral, apesar das fotos, as declarações do governador. Ou um ato que pudesse impedir o chefe do Executivo de assumir uma atitude declaradamente eleitoral- dizem os que estão no QG de Collor.

Segundo: não há dúvidas- nem entre quem está com Collor nem os lessistas- que a ação contra Lessa favorece Rui Palmeira e Jeferson Morais. Tudo orquestrado pelo governador.

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