Com IML em greve e maternidade Santa Mônica superlotada, é proibido nascer e morrer em Alagoas

Os IMLs estão em greve e as maternidades também enfrentam problemas. Com o fechamento da Maternidade Paulo Neto (foi reaberta na manhã desta sexta-feira) e da Nossa Senhora da Guia- ambas atendem pelo SUS- a Santa Mônica (única que atende gestantes de alto risco) enfrenta superlotação: os 20 leitos da UTI tem 27 bebês. Todas as 15 vagas da UCI estão lotadas. As gestantes estão nos corredores, em macas, aguardando atendimento.

Com a crise nas maternidades, em Alagoas, é proibido nascer e morrer.

No segundo dia de greve dos dois únicos institutos médicos legais em Alagoas leva famílias que perderam os parentes ao desespero. Familiares de um jovem de 23 anos- morto por atropelamento no Centro de Maceió- aguarda desde ontem a liberação do corpo.

Segundo o parente da vítima, que se identificou apenas como Paulo, ele chegou a oferecer dinheiro a um legista para a realização da autópsia- e liberação do corpo- mas o pedido foi negado.

“Disseram que seria crime e que eu precisaria de uma autorização judicial. Meu sobrinho está no chão, é humilhação demais. Enquanto morrer ‘Marias e Joãos’ Alagoas continuará nessa situação deplorável. Se fosse algum filho de deputado ou parente de alguém forte, já teriam tomado providência. Agora é confiar em Deus para que sensibilize o governador para haja um acordo entre as partes” disse.

“É um desrespeito o que estão fazendo com a gente. Desde ontem que estou aqui para poder pegar o corpo do meu sobrinho e poder fazer um enterro digno e me deparo com essa greve. Já é uma dor para família perder uma pessoa, e com essa burocracia toda, fica bem mais complicado”, contou.
“Eu estou de mãos atadas e o que posso fazer é apaziguar a situação”, disse o novo diretor do IML Estácio de Lima em Maceió, Luiz Mansur, que assumiu o cargo ontem, após a exoneração, a pedido, do médico legista Gerson Odilon- ele alegou falta de estrutura no instituto.

Com a greve, segundo funcionários do instituto, 12 corpos estão “amontoados”, como dizem, nas duas geladeiras do instituto e outros quatro estão no chão.
30 médicos legistas suspenderam as atividades cobrando melhorias no IML.

Eles querem aumento salarial. Os legistas pedem aumento salarial, dos atuais R$ 2,6 mil para R$ 9,6 mil. O governo de Alagoas ainda não se pronunciou sobre o assunto. O Instituto de Criminalística (IC) também ameaça parar.

.