Carta Capital
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou neste sábado 20, durante comício da campanha de Fernando
“Esse país teve uma vez um politico (Jânio Quadros) que falava como esse (Serra) está falando agora. Falava contra a corrupção toda hora”, disse Lula em comício no ginásio do Canindé. O ex-presidente lembrou o auto-golpe de Jânio em 1961, quando o então presidente deixou a presidência alegando a pressão de “forças ocultas” e fez um paralelo com a trajetória de Serra. “Esse cidadão que concorre também queria ser prefeito, jurava amor ao povo da Mooca, jurava amor ao povo de São Paulo. Ele não aguentou a primeira enchente e caiu fora para ser candidato ao governo. E não conseguiu ficar, porque o bicho tem uma sede de poder inigualável. Não se contentou em ser governador, queria a presidência”, disse Lula.
Após comparar Serra a Jânio, Lula lembrou de Collor, que saiu da presidência em 1992 ao sofrer um processo de impeachment. “(Collor) não foi prefeito, não foi governador e não foi presidente. Não conseguiu cumprir o mandato, e as pessoas deveriam aprender a tomar vergonha e cumprir o mandato.”
Petistas pedem cuidado com “sapato alto”
Em seu discurso, Lula lembrou das eleições municipais de 1985, quando o então candidato à prefeitura, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), tirou um foto sentado na cadeira de prefeito durante a campanha eleitoral. FHC, ao contrário do que indicavam as pesquisas, foi derrotado por Jânio. Lula disse que o PT não pode cometer o mesmo erro e não deve considerar a eleição ganha. Haddad aparece com 16 e 17 pontos porcentuais à frente de Serra segundo as pesquisas do Ibope e do Datafolha, respectivamente.
Haddad também pregou a humildade entre os petistas na última semana de campanha. “Nós temos chances concretas de ganhar essa eleição se a gente não cometer um erro. Que é o erro de achar que a eleição está ganha uma semana antes da eleição. Este é o único erro que nós podemos cometer”, disse Haddad. “Há um adversário que entra em campo na última semana, e quem é de partido progressista sabe quem é. O adversário é a mentira.”
O candidato petista criticou o programa de governo tucano divulgado na última semana, dizendo que ele era vago e não tinha metas claras. “Ninguém aqui é capaz de dizer o que o Serra prometeu para a cidade de São Paulo”.
Dilma: governo federal precisa da prefeitura
A presidenta Dilma Rousseff foi a última a discursar. Ela comparou sua trajetória nas eleições de 2010 com a de Haddad, afirmando que sofreu críticas semelhantes antes de conseguir a vitória. “Disseram que eu era um poste e insinuaram que eu faria um governo sem responsabilidade”.
A presidenta também afirmou que a eleição de Haddad seria importante para a prefeitura trabalhar junto com a presidência da República. “Nós somos um partido que não persegue ninguém. Nós jamais olhamos qual a cor da camisa do prefeito ou governador. Sempre, em todas as circunstâncias, garantimos recursos”, diz Dilma.
“Mas o governo federal precisa da prefeitura. E a prefeitura precisa do governo federal. E é muito bom quando a gente pode trabalhar com pessoas comprometidas com o Minha Casa, Minha Vida, que não chama o Bolsa Família de bolsa-esmola e sobretudo, uma pessoa que não é raivosa”.
O evento teve a presença, entre outros, do vice-presidente Michel Temer (PMDB), de sete ministros de Dilma, do senador Eduardo Suplicy (SP) e do candidato derrotado à prefeitura e agora apoiador de Haddad, Gabriel Chalita (PMDB).