O senador Fernando Collor (PTB) interpreta dois personagens na política nacional.
Um é quando sobe à tribuna do Senado e cobra explicações- com acusações- ao procurador-Geral Roberto Gurgel.
É o mesmo personagem que se vê na CPI do Cachoeira, quando Collor exigia a apuração das relações entre a revista Veja e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Não é um ato de heroísmo e Collor poderia ir além. Por exemplo: cobrar a abertura da CPI para o eixo Rio/São Paulo. Não o fez. A CPI revelaria o Brasil dos esgotos, do submundo, que por enquanto é alvo de especulações. E nada mais além disso.
Mas, este Collor- de estilo desafiador ao procurador e a Veja (e só aos dois)- não é o mesmo que na noite de ontem, chamou o governador Teotonio Vilela Filho de “Teotonio Balela” e exigiu-lhe “ser homem” no episódio da explosão da Deic.
O oportunismo- e Collor o sabe- deu estrelas demais na CPI. Resultado: ninguém punido.
Os efeitos eleitorais de 2014 exigem autoridade moral de quem o fala. E Collor ainda não sabe dos contratos milionários no Gabinete Militar do Palácio República dos Palmares, das contratações sem licitação, do escândalo do banco Panamericano (estranho o silêncio de Collor sobre o assunto), além do nepotismo que contamina a era Téo Vilela e corroi a máquina pública.
Para conter o silêncio do Ministério Público, a voz poderosa do senador abalaria as frageis estruturas palacianas.
Jornalista, Collor sabe que o uso de adjetivos, muitas vezes, é uma forma de ajudar a esconder nossa ignorância ao falar de um assunto.
O Collor-jornalista não gosta de adjetivos nos textos dos jornais.
E demonstra um incrível desconhecimento da realidade local, só não pior que o do governador e o boom desenvolvimentista visto por meia dúzia de comissionados encantados pelas regalias de uma terra miserável.