Coletivo “Psi na Luta” discute demandas de profissionais da Psicologia em audiência pública

Profissionais que participam do coletivo “Psi na Luta”, empenhados em fortalecer a democratização do conhecimento psicológico e da saúde mental, estiveram na tarde desta terça-feira (26) na Câmara Municipal de Maceió para discutir questões importantes sobre a realidade profissional das (os) psicólogos (as) em Alagoas.

Entre os temas abordados estão: desemprego, desvalorização salarial, necessidade de implementação da lei 13.935/19, que dispõe sobre a obrigatoriedade de psicólogos e assistentes sociais nas escolas da rede pública e a realidade social que adoece pela falta de oportunidades e acesso ao cuidado da saúde mental.

O coletivo também convidou toda a categoria para um evento que ocorrerá neste sábado (30), as 8h30 da manhã no auditório do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, na descida da ladeira dos Martírios, Centro de Maceió. Faça sua inscrição aqui.

Na ocasião, também foi devidamente cobrado da Prefeitura de Maceió e dos vereadores presentes o estabelecimento de ações efetivas que garantam ao profissional da Psicologia postos de trabalho, salários dignos, concursos públicos e contratos justos.

“Eu tenho enfrentado diversas dificuldades desde que eu me graduei em Psicologia para ter uma carreira, o cenário não é tão fácil (…) a nossa categoria é muito frágil, somos uma categoria que pede para trabalhar. Nos últimos anos, eu me vi pagando para trabalhar, eu cansei e aí eu comecei a trabalhar voluntário. Paguei para trabalhar o tempo todo”, indignou-se a psicóloga Fernanda Alves.

Para Alves, a tese da meritocracia e da necessidade de fazer marketing pessoal nas redes sociais não explicam a realidade dos profissionais da Psicologia em Alagoas, pois configura uma explicação rasa e eivada de preconceitos que estão, justamente, na base do adoecimento psíquico da população maceioense.

Apesar das demandas crescentes em saúde mental, profissionais se deparam com uma realidade adversa nos serviços públicos, com contratos precários e condições de trabalho ainda não devidamente estudadas, devido à falta de instituições de representação da categoria que viabilizem fiscalização.

“Não temos condições de fazermos dois trabalhos, ser terapeuta sério demanda toda a nossa energia, salvar alguém de tirar a própria vida demanda toda energia. Eu não posso ser influencer para poder adquirir clientes, eu preciso que o Estado, que a saúde pública, que a educação, provenham condições para que eu possa estar lá disponível para salvar a vida das pessoas”, reitera.

O “Psi na Luta” nasce de inquietações e reivindicações legítimas da categoria profissional dos psicólogos. O grupo confronta o discurso corrente e vazio sobre saúde mental sem a efetivação de políticas públicas que qualifiquem a atuação e desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão.

Destaca-se, ainda, a oportunidade de implicar as práticas em Psicologia com a sociedade à qual os (as) psicólogos (as) ofertam serviços e salientar a necessidade inadiável de disponibilizar os conhecimentos produzidos pela ciência psicológica em prol da sociedade alagoana, com compromisso político com as maiorias populares, com a identidade cultural de grupos sociais minoritários, com o desenvolvimento integral do ser humano em suas diferenças e com a consolidação da Psicologia como produtora e condutora do desenvolvimento social.

Além de Fernanda Alves, também representaram o coletivo nesta audiência o psicólogo Paulo Lima, uma das lideranças do coletivo, e o estudante de Psicologia Abraão Cavalcante.

A audiência pública foi solicitada pelo vereador Brivaldo Marques (MDB) com o tema “Ampliação e Fortalecimento dos Serviços Públicos destinados à Saúde Mental”. A autorização do requerimento para a audiência foi aprovada por unanimidade pela casa legislativa.

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