Coaracy Fonseca é promotor de Justiça e ex-procurador Geral de Justiça de Alagoas
Afirmar que o avanço da extrema direita no mundo é indiferente para os países de modernidade tardia é ingenuidade.
É um perigo para os países que ainda têm muita miséria, que vai além da pobreza.
O rendimento social de inserção é uma medida sócio-econômica ainda presente na social democracia.
A extrema direita não comunga com essa política, pois reflete na carga tributária. O Estado deve fazer o mínimo, que atenda aos seus interesses de prosperidade financeira.
A extrema direita almeja juros altos, infraestrutura e segurança bruta: é pau pra comer sabão e pau pra saber que sabão não se come.
O saudoso Joãozinho Trinta, na sua irreverência, afirmou que quem gosta de pobreza é intelectual, pobre gosta de luxo.
É uma frase tão verdadeira quanto a incapacidade do povo de escolher bem os seus representantes. Nesse carnaval foram-se mais de 700 mil almas, sem culpados.
É uma questão estrutural, que a nossa deficitária educação não conseguiu mudar.
Odiar a classe média, como verberou uma filósofa respeitável, não é o remédio para a nossa ignorância. É preciso encontrar a fórmula da Educação.
A gente humilde, que gosta do luxo, precisa aprender a refletir sobre a sua realidade. Precisa filosofar. E o intelectual, amante da pobreza, precisar aprender a se comunicar melhor em tempos virtuais.
Disse-me um grande intelectual alagoano que o extremismo caminha devagar e sempre. Seus argumentos são irrefutáveis.
Mas ainda acredito na democracia e não quero estar vivo quando ela morrer, pois a igualdade e a liberdade são irmãs gêmeas, que não sobrevivem ao autoritarismo.
O Estado total não aceita a diferença, que habita a essência da democracia. O filme “A vida dos outros” mostra bem essa realidade.
Por isso, é preciso ouvir cada vez mais os nossos clássicos:
“Mão, violão, canção, espada
E viola enluarada
Pelo campo e cidade
Porta-bandeira, capoeira
Desfilando vão cantando
(Liberdade)”