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Cirandas da alienação: pautas atuais

Não há tempo certo para uma paz sem movimento sobre a Terra, contudo, nas movimentações em benefício da vida sempre teremos o impulso do tempo para continuar semeando boas lutas, sem para isso negar ou escamotear as realidades sociais e históricas, com seus avanços e contradições.

Compete a cada um de nós semear, colher e partilhar vivências, crenças, reforçando o melhoramento das nossas existências. Para sermos capazes de realizar boas escolhas, precisamos de guias confiáveis, e estes residem no conhecimento.

Li em algum lugar que apenas aquilo que eu pudesse controlar deveria permanecer em minha mente, e confesso que não me senti confortável diante de tal ânsia de controle. Pois conhecer não significa controlar, mas abrir possibilidades de compreensão dos fenômenos, sejam eles históricos, biológicos, climáticos, políticos ou econômicos.

Se conheço, como retirar da mente? Não haverá uma necessidade real de controlar tudo, talvez seja mais interessante filtrar informações para não levar para a vida excesso de cascalhos, alienações, pressões morais que atrasam o crescimento do amor incondicional à existência como fenômeno coletivo  que abrange todas as formas de seres.

Caminhando entre feitos e malfeitos, no enroscar de tantas teorias, percebemos que apenas um ângulo de descobertas não abarca as realidades diversas dos interesses e necessidades que a vida nos traz. Por isso, sempre será tempo de incluir as relações predatórias do sistema capitalista em nossas análises e buscas pelo bem viver.

Cantar e louvar a natureza é maravilhoso, mas isso não nos impede de perceber o desmatamento e as imposições da economia predatória sobre os diversos biomas, que inclusive são retirados dos povos originários, em benefícios das explorações minerais e outras, que apenas os ricos conseguem justificar.

O mundo melhora com as nossas vibrações de alegria, sem dúvida, que sim! Principalmente quando aprendemos a nos alegrar com as pequenas conquistas do povo organizado, que historicamente sente o peso da impotência quando enfrenta situações jurídicas, por não possuir quem os libere do ônus de acessar direitos por essa via.

Não deixar morrer o termo “trabalhador” é um projeto de resistência que conclama todos os grupos que reivindicam afinidades com as boas lutas pela vida, pois em todas as conquistas históricas do nosso país a luta de classes orientou as pautas contra a opressão.

O trabalho é uma categoria de análise mesmo nos tempos de precarização, uberização e destroço festivo das pautas estruturais.

Se as nossas mentes combinarem a negação das histórias e lutas, talvez, nas cirandas da alienação consigamos apenas fingir que tudo ficará bem sem contradição, mas esse sonho não nos permitirá acordar e os dias das explorações e opressões jamais findarão.

 

 

 

 

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