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China registra pior crescimento trimestral desde 2009: 6,9%

France Presse

Pequim, China – A China registrou um crescimento de 6,9% no terceiro trimestre, em ritmo anual, o pior resultado desde a crise financeira de 2009, segundo os dados oficiais divulgados nesta segunda-feira (19/10), que segundo analistas demonstram a insuficiência das atuais medidas de estímulo.

O resultado divulgado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) é levemente superior à média das previsões dos analistas consultados pela Agência France Presse (AFP), que projetavam 6,8%, mas não dissipam as incertezas sobre a segunda maior economia do planeta.

No primeiro e segundo trimestre, o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 7%. Em 2014, o país cresceu 7,3%. Nos três primeiros trimestres do ano, o PIB chinês acumula crescimento de 6,9%, segundo o BNS.

Para 2015, o governo de Pequim estabeleceu a meta de crescimento “por volta de 7%”, o que seria o menor resultado em 25 anos. “Não sejamos muito otimistas. O crescimento chinês continua sendo fraco e deve continuar perdendo força”, afirmou Liu Li-Gang, analista do banco ANZ.

Alguns indicadores anunciados mesta segunda-feira pelo ONS parecem confirmar a opinião do especialista.

Este é o caso em particular da produção industrial, que em setembro registrou aumento de 5,7% na comparação com o mesmo mês de 2014, depois de uma alta de 6,1% de agosto. O consumo de energia elétrica recuou 0,2% em relação a setembro de 2014.

Os investimentos em ativos fixos – que refletem os investimentos imobiliários e em infraestruturas – registraram aumento, em ritmo anual, de 10,3% nos primeiros nove meses de 2015, o que indica uma desaceleração constante.

Segundo os analistas, a economia chinesa enfrenta uma redução do mercado imobiliário e um excesso de capacidades produtivas.

Queda ou reequilíbrio?

Outra prova da forte desaceleração do país vem do comércio, com importações em queda de quase 20% em setembro (calculadas em dólares) e exportações em baixa de 3,7%, de acordo com os números divulgados na semana passada.

Muitos analistas, no entanto, consideram os números do governo supervalorizados em relação à verdadeira desaceleração da economia.

“Temos que pegar os dados do PIB com pinças (…). Há falhas evidentes na metodologia de cálculo, além de pressões políticas para que não se afastem muito dos objetivos que são difíceis de alcançar”, afirma Julian Evans-Pritchard, consultor da Capital Economics.

As autoridades rebatem as suspeitas e garantem que a desaceleração é provocada pelo fato de a economia chinesa ter entrado em uma fase de “nova normalidade”, resultado do esforço para reequilibrar o crescimento com destaque para o consumo interno, os serviços e a alta tecnologia, em detrimento da indústria pesada e das exportações.

A afirmação seria comprovada com a forte alta das vendas varejistas em setembro, de 10,9% em ritmo anual, segundo o ONS. As vendas online sozinhas registraram crescimento de 36% nos nove primeiros meses do ano.

A forte queda recente nas Bolsas chinesas e a desvalorização repentina do yuan deixaram os mercados em alerta nos últimos meses, com dúvidas sobre a eficácia da política econômica de Pequim.

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O governo, no entanto, não poupou esforços de flexibilização monetária, reduzindo cinco vezes em um ano as taxas de juros e diminuindo a quantia obrigatória sobre as reservas bancárias, com o objetivo de estimular a orientação dos fundos ao crédito das empresas.

Também prometeu medidas de incentivos fiscais e mais investimentos públicos. Mas o arsenal de iniciativas pode ser insuficiente.

“Vemos os primeiros sinais de uma estabilização do crescimento, mas nenhuma prova tangível de uma recuperação duradoura nos próximos meses”, destaca o banco Nomura, que prevê para o quarto trimestre um crescimento do PIB de 6,4%.

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