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Chamada à reflexão: Espíritas à Esquerda

A indignação com as crescentes ameaças às conquistas sociais, econômicas e políticas de um povo que ousou romper a hegemonia da direita e elegeu legitimamente um governo popular e de esquerda no Brasil; associada à impossibilidade de aceitar a conivência e apoio escancarados de comunidades espíritas a essas ameaças, levaram um grupo de pessoas unidas por essas duas dimensões da justiça social – a posição política de esquerda e o envolvimento com a doutrina do espiritismo – a darem materialidade ao Coletivo Espíritas à Esquerda – EàE, em meados de 2016.

Ao longo desse tempo, a partir da Bahia – origem da maioria dos participantes desse núcleo inicial – o Coletivo EàE ganhou corpo, fez sua reflexão identitária, cresceu, realizou eventos relevantes, aprimorou a autodescrição de seu propósito, firmou seus posicionamentos contra o fascismo, o golpismo, o liberalismo econômico, a necropolítica e as ideologias de direita, incomodou muita gente, ganhou visibilidade nacional dentro e fora do ambiente espírita e se espalhou pelo país.

Contudo, os desafios de crescer e cumprir o seu propósito, simultaneamente, acolhendo mais e mais pessoas que desejem de boa fé contribuir com sua causa – desde que comunguem de seus horizontes ideológico e filosófico-espiritualista – impuseram ao EàE a necessidade de pensar estratégica e coletivamente seu modelo de organização e de governança, da forma mais democrática e participativa que fosse possível. Por isso, visando contribuir com a reflexão sobre democracia dentro do EàE, um grupo de pessoas que fizeram parte da história do Coletivo desde s sua criação, em 2016, e que integravam o grupo inicial de WhatsApp denominado Administração do EàE, vem se dirigir aos integrantes dos demais grupos de WhatsApp para, de maneira livre, transparente e democrática, propor o debate sobre ideias e propostas para a governança do Coletivo, bem como para sua orientação de conduta. Seguem, abaixo, alguns desses principais pontos:

Ética e tolerância na crítica à esquerda:

O EàE precisa contribuir efetivamente com a autocrítica do campo das esquerdas no Brasil, mas de forma ética e construtiva, sem autofagia, hostilidade partidária ou negacionismo acerca dos avanços políticos, sociais e econômicos conquistados pelos governos da frente popular representados pelo mandatos de Lula e Dilma Roussef.

Pluralismo, democracia e transparência na governança do EàE:

Após o primeiro Encontro Nacional, a conquista de espaços de visibilidade e o enorme sucesso da criação dos grupos estaduais, a Administração do Coletivo percebeu a necessidade de organizar uma Coordenação Nacional que norteasse essas comunidades e estimulasse suas ações e mobilizações, zelasse pelo cumprimento do propósito do Coletivo, assegurasse sua pluralidade, diversidade, transparência e criticidade, em relação aos temas da política, da economia, da cultura, do meio ambiente e de todos os temas sociais, além, é claro, da defesa inequívoca da relação entre espiritismo e política, na melhor acepção dos termos.

Cultura do cancelamento, do silenciamento e da indiferença:

O EàE não pode se tornar aquilo que condena. O debate sobre os critérios de elegibilidade para composição da Coordenação Nacional do Coletivo, proposto pelo grupo da Administração do EàE, foi motivo do boicote ao grupo e do seu literal “cancelamento” e extinção. Controle excessivo e centralizado, ausência de respostas, arrogância intelectual, suspensão autoritária de administradores, cancelamentos em redes sociais, personalização de debates que pertencem à ordem do organizacional e do programático, não devem fazer parte da cultura e da práxis do Coletivo EàE.

Por fim, fica registrado que esse não é um debate em torno de pessoas ou relações entre elas, mas uma necessária provocação à reflexão sobre o que somos, o que defendemos e o que de fato praticamos, enquanto Coletivo, enquanto militantes e simpatizantes do campo político ideológico das esquerdas, enquanto espíritas.

Ats,

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