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Cenário alarmante

Robson Braga – presidente da CNI- O Globo

Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem um  compromisso inabalável com a promoção da competitividade dos produtos  brasileiros e com a criação de um ambiente propício aos negócios e ao  desenvolvimento do país. No papel de principal interlocutor do setor com  os poderes da República, faz uma defesa firme de iniciativas que  estimulem o crescimento econômico e a melhora da qualidade de vida dos  trabalhadores. Um dos instrumentos nesse diálogo é a Agenda Legislativa  da Indústria, que identifica os projetos em tramitação no Congresso.

Num  momento em que a indústria brasileira enfrenta um cenário interno e  externo muito adverso, com câmbio supervalorizado, absurdos estímulos às  importações, infraestrutura deficiente e altíssimos custos tributários,  adotar uma agenda pró-crescimento é uma tarefa crucial. O cenário é  alarmante e os remédios devem ser ministrados com urgência. A certeza de  que o país não pode abrir mão de uma indústria forte e competitiva se  consolida na mesma velocidade em que os números apontam seu  enfraquecimento. O segmento de transformação, que exclui áreas como a  extração mineral e a construção civil, ficou estagnado no ano passado,  crescendo só 0,1%, após uma queda de 2,5% no último trimestre.

Sua  participação no Produto Interno Bruto, que já foi de 36% nos anos 1980,  caiu para 14,6% em 2011, o menor nível desde 1956. Estatísticas não  faltam para mostrar os estragos provocados pela invasão de importados,  facilitada pelo real excessivamente forte diante do dólar. Os problemas  conjunturais e estruturais que minam a competitividade dos produtos  nacionais só serão eliminados se houver união política para  enfrentá-los, num esforço conjunto de empresas, sociedade, governo,  Congresso e Judiciário. Cada ponto de estrangulamento deve ser não só  revelado, mas também atacado por ações efetivas.

Com a Agenda  Legislativa da Indústria de 2012, que será divulgada no dia 27, a CNI  faz mais uma contribuição ao desenvolvimento econômico e social no país.  Ela lista 131 projetos que afetam o setor industrial, dos quais 16  compõem uma pauta mínima. Os temas são os mais diversos: regulamentação  da economia, infraestrutura, tributação, comércio exterior, legislação  trabalhista, compras públicas e meio ambiente, entre outros. Algumas  propostas merecem aprovação por ampliar a competitividade, estimular  investimentos e aperfeiçoar o ambiente de negócios. Outras, porém, devem  ser rejeitadas, pois elevam os custos e prejudicam nossa inserção na  economia global.

No primeiro grupo, estão o fim dos incentivos às  importações em portos brasileiros, o novo sistema de compensação de  créditos de exportações, a extinção do adicional de 10 pontos  percentuais sobre o FGTS e a suspensão do ponto eletrônico. No segundo,  figuram a criação de taxas adicionais de licenciamento ambiental, a  adoção da Convenção número 158 da Organização Internacional do Trabalho e  a imposição de jornada de trabalho de 40 horas semanais. Está na hora  de o Brasil escolher entre avançar ou retroceder.

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