CE: Gibiteca dará lugar a lanchonete e causa protestos

Diário do Nordeste

A restauração de um pequeno espaço público no Centro de Quixadá está causando discórdia entre moradores de Quixadá, tanto nas ruas como nas redes sociais. No local, um quiosque existente na Praça José Marques da Silva, mais conhecida como Praça da Estação, funcionava a Gibiteca, um serviço de estímulo à leitura infantil, inaugurada em 2006.

Com o início da reforma sugiram especulações, da transformação do lugar em um bar. Todavia, conforme o diretor do Departamento Municipal de Administração Bens e Serviços Públicos (Dmasp), Antonio Eleri Ferreira, no imóvel funcionará um ponto de alimentação. O fato é que o equipamento se encontra com suas portas fechadas.

Segundo o administrador, o quiosque estava abandonado há quatro anos. O local estava sendo utilizado por usuários de drogas. A alternativa encontrada, dentro do programa de revitalização das praças da cidade, em andamento, foi transforma-lo no mini-restaurante. A área de lazer também funcionará como uma praça de alimentação, explicou.

O diretor do Dmasp ainda acrescentou outros detalhes sobre a mudança. Será proibida a venda de bebidas alcoólicas no quiosque. Caso o permissionário não cumpra as normas estabelecidas pela administração municipal o contrato será cancelado. O ponto será alocado a um barraqueiro estabelecido na Praça Coronel Nanam.

Para a educadora, historiadora e escritora Angélica Nogueira, a mudança não trará benefício para quem frequenta a Praça da Estação, na maioria famílias, casais e pais acompanhados dos filhos. Enquanto funcionava ,a Gibiteca era bem frequentada. Apresentava-se como uma interessante opção de lazer numa área onde também funcionam o Museu Municipal Jacinto de Sousa e a Academia Quixadaense de Letras (AQL).

Proibição

Apesar da proibição da comercialização de cachaça e outras bebidas alcoólicas, os paredões vão encostar e acabar com o sossego do lugar, acredita a moradora. Ela sugere a realização de uma espécie de plebiscito, na internet, para definir qual o desejo da maioria da população.

A Gibiteca foi inaugurada no início do mês de maio de 2006. Quando começou a funcionar, estava aberta ao público inclusive nos fins de semana. As crianças tinham acesso gratuito ao acervo, com mais de 500 exemplares. Todo o material literário, livros e gibis, havia sido doado pela comunidade. No local também havia um Clube de Leitura com contadores de estórias, acrescentou Angélica Nogueira.

Sobre o destino da Gibiteca, o secretário de Educação de Quixadá, professor Valentim de Freitas Neto, informou estar trabalhando para revitalização do programa. Especialista em educação, considera a proposta interessante, pois realmente estimula a leitura infantil. Mas a frequência caiu acentuadamente. Uma alternativa será a transferência do acervo para a Biblioteca Municipal Padre Francisco Lineu Ferreira. Um espaço lúdico poderá ser criado ali, para atender as crianças. Apenas não definiu quando a Gibiteca voltará a funcionar.

Hoje com 11 anos, Amanda Ferreira diz ter sido frequentadora assídua da Gibiteca. Quando começou a ser alfabetizada recebeu reforços da equipe de animadores. “A gente aprendia a ler se divertindo. Era muito legal. As vezes tinha até Emília, Narizinho e Pedrinho de verdade contando as estorinhas do Sítio do Pica-pau Amarelo”, conta.

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