Caso PC: Augusto Farias diz que Suzana teve crise de ciúmes e ameaçou se matar

O ex-federal Augusto Farias disse que tinha informações sobre a “vida pregressa”- como chamou- de Suzana Marcolino, namorada de Paulo César Farias e passou estas informações a PC.

– Mas, não tinha animosidade com ela, disse Augusto.

Ainda de acordo com ele, disse que nunca impediu o relacionamento dela com o irmão:

– Se você quer ser feliz com ela, seja, disse Augusto, ao falar do conselho a PC.

No julgamento do caso PC, o juiz Maurício Brêda disse que há depoimentos citando Augusto Farias que tratam da contratação de um detetive para seguir Suzana Marcolino.

De acordo com ele, um procurador da família Caio Ferraz- de São Paulo- foi contratado por Paulo César, mas que PC pediu a Caio que dissesse que era em nome de Augusto.

O ex-deputado disse que só soube desta história após a morte de PC:

– Não tive contato, não sabia que tinha tido essa contratação para seguir a Suzana. Soube pelo Caio Ferraz, que era procurador em São Paulo.

Ainda de acordo com ele, não havia um “bom relacionamento” entre ele e Elma Farias, que era mulher de PC antes de Suzana. Ela morreu durante a prisão de Paulo César Farias.

– Eu não falava com Elma, nunca tive relacionamento com a minha ex-cunhada. Quanto mais a Elma fazia para me afastar de meu irmão, mais nos amávamos, disse Augusto.

– Meu relacionamento com o Paulo era tão bom que o meu nome foi colocado no Paulinho [filho de PC]. Ela não quis, afirmou.

Augusto também disse que não tinha “bom relacionamento” com Eônia, que era irmã de Elma.

Crime
Questionado sobre o porquê das suspeitas, na época, sobre a participação dele nos assassinatos, Augusto justificou:
– Posso dizer, olhando para todo mundo, que a gente vem para a Terra para enfrentar provações. Nunca imaginei que viria a Terra e seria acusado de matar meu irmão, meu pai, disse.

– Parte da imprensa, a própria família da Suzana, mas foi o que disse no depoimento. Se não fosse eu que tivesse chegado naquele momento, eles iriam me colocar como suspeito?, questionou, citando ainda:

– O poder da mídia é grande.

Questionado pelo juiz Maurício Brêda sobre o contato com o perito Badan Palhares, respondeu:

– Meu primeiro contato com Badan Palhares foi ontem, quando cheguei à sala. Nem quando ele esteve aqui para fazer a perícia, estive com ele, disse.

– Olho para os jurados como olho para meus filhos: estes seguranças são inocentes, disse Augusto, que foi repreendido pelo juiz.

– Aqui não é lugar para discurso.

– Não estou discursando.

– Baixe o tom da voz.

O ex-deputado pediu desculpas.

– Não quero discutir com Vossa Excelência.

– E nem vai.

Jantar

Ainda no depoimento, Augusto disse que notou PC tentando “segurá-lo” no jantar, como se não quisesse que ele fosse embora.

Horas após sair da casa de Guaxuma- onde havia jantado com o irmão- recebeu a ligação do segurança Reinaldo:

– Ele me ligou e disse que era urgente. Que eu fosse para a casa do Paulo.

No local:

– O Reinaldo estava branco, pálido. E disse que o doutor Paulo estava morto. Eu disse: Não não está, não tem sangue, não tem nada. Vi um copo de água. Envenenaram ele. Não pode.

Suicídio

Em depoimento no julgamento do caso PC Farias, o irmão dele e o ex-deputado federal Augusto Farias disse que Paulo César chegou a confidenciar, em um hotel, que Suzana “teve uma crise de ciúmes” por causa da namorada de um amigo “e havia tentado o suicídio”.

No depoimento, ele confirmou o teor da denúncia feita por ele ontem, antes do início do primeiro dia de julgamento: a de que foi pressionado pelos delegados Alcides Gusmão e Antônio Carlos Lessa. Segue o diálogo:

– Temos uma fórmula de impedir seu indicamento

– Que fórmula é essa?

– Entregue os seguranças e não pediremos o indicamento.

– Não fiz isso. Eles indiciaram e pediram a prisão.

– Teve objetivo político a acusação?

– Não tinha outra imagem na cabeça. Precisou a Procuradoria Geral da República dizer que eu não tinha nada a ver com isso.

O juiz Maurício Brêda perguntou se ele recebia pressão dos militares acusados no crime:

– Os seguranças pressionam o senhor?

– Não.

– Por que esta generosidade, esta graciosidade, em pagar os advogados para os seguranças ?

– Só dois me procuraram: o Genival e o Reinaldo. Não é graciosidade.

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