Texto escrito em 01/03/2011 no wwwblogdeanaclaudia.zip.net quando o primeiro carnaval sem meu filho Taine revelava a dor até então desconhecida, que tantas mães alagoanas sentiam enquanto a sociedade indiferente ao crime festejava.
Entre a reflexão e o lamento, saudade também é uma bandeira de luta!
Como se fora um nostálgico carnaval
rostos embutidos nas máscaras
ao som poético das marchinhas
desfila na memória o ontem perdido
onde o riso e o encanto jamais precisaram banalizar a vida.
Sabíamos nós que todos são importantes para manter o bom ritmo.
Sabemos que não há diferença entre os filhos da miséria ou da opulência
quando a fantasia encerra mais uma madrugada
e as mães os abençoam largados nas camas, entre os lençóis.
Cansados de sonhar seus próprios carnavais!
Esse carnaval já não tem ritmo.
Eu e outras duas mil mães não poderemos ver os corpos fatigados de alegria
sobre a algazarra dos travesseiros
mas ainda podemos abençoar nossos filhos e filhas, arrancados do seio da nossa festa.
Não importa aqui a cor do casulo.
Se o brilho da elite ou a borrasca da favela enfeitou a passarela de suas vidas.
Onde houver uma mãe em dor
não haverá carnaval.
O corpo do filho rico ou do filho pobre vale a mesma lágrima!
Se perdido na drogadição, vitima da criminalidade
ou perdido na corrupção
não importa! Corações amorosos se recolhem na saudade.
São todos membros da mesma família humanidade.
Oremos por nós!