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Cargos usados como moeda de troca em Belo Horizonte

Para garantir a maioria, o prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB) tem à disposição 20,8 mil cargos terceirizados, postos mais disputados porque seus ocupantes não aparecem no Diário Oficial. Os números são do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, que aponta haver outros 34,5 mil cargos efetivos na administração municipal. Em 2011, a prefeitura firmou termo com o Ministério Público para reduzir os terceirizados, mas a moeda de troca continua, segundo os vereadores.

Parlamentares mais experientes estimam entre 20 e 50 o número de cargos para integrar a base aliada. Vereadores neófitos disputam um volume menor de postos, proporcional ao grau de influência que têm entre colegas. A administração das regionais da cidade – espécie de subprefeituras – é entregue a parlamentares de acordo com o reduto eleitoral.

– Pessoas que constroem a base política são contratadas como forma de manter o controle em cima do vereador, é o empreguismo. O cara é governo desde que tenha cargos na prefeitura – afirma o vereador Iran Barbosa (PMDB).

Mesmo nas capitais em que o prefeito não tem uma situação definida, o poder da máquina fala mais forte sobre os vereadores indecisos.

– Temos uma oposição pragmática aqui do PSOL, PSTU e PT. Temos vereadores que vão tentar trabalhar a independência. Eles podem votar tanto com o governo, como com a gente. Vai depender da articulação do prefeito – diz a vereadora Marinor Brito (PSOL), líder da oposição ao prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) em Belém.

Campo Grande (MS) foi uma das raras capitais onde o prefeito assumiu em janeiro com oposição muito mais forte, já que apenas 8 dos 29 vereadores fazem parte da coligação que venceu as eleições. Mas a situação deve mudar até o início de fevereiro, quando os cargos da administração estarão distribuídos.

– O prefeito vai ter dois terços do seu lado, cada vereador pertence a determinado bairro e tem suas reivindicações. Quando estão com o prefeito, conseguem as coisas com facilidade, se for da oposição, você sabe que dificulta um pouco – admite o vereador Jamal Salem (PR), um dos mais atuantes na cooptação de apoios a Alcides Bernal (PP).

Em Goiânia, Paulo Garcia (PT) tem a maioria por apenas três vereadores, mas a situação também deve mudar. Para o vereador Thiago Albernaz (PSDB), a recente criação de oito secretarias e 1,1 mil novos cargos torna a tarefa mais fácil.

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