Capitania apura esculturas no fundo do mar perto das Ilhas Cagarras, Rio

G1

A polêmica está lançada no fundo mar. Mais exatamente a cerca de 15 metros de profundidade e a aproximadamente 30 metros do Monumento Natural das Ilhas Cagarras, conjunto de ilhas e ilhotas que ficam a cinco quilômetros de Ipanema, no Rio. De acordo com relato e fotos de pessoas que costumam mergulhar na região, há cerca de um mês e meio foram “instaladas” quatro grandes esculturas de pedra, possivelmente como arrecifes artificiais.

A escultura de um anjo é a maior das quatro peças que estão perto das Cagarras (Foto: Felipe Guarnieri/ SubVision)
Estão no fundo do mar uma ânfora, duas crianças sobre um pedestal, um anjo e a cabeça de um leão, como inicialmente divulgado pela rádio Band News.

Dono de escola de mergulho Diving Club de Niterói, o mergulhador Sebastião Mariani, conhecido como Mineiro, contou que recebeu as fotos de amigos que mergulham na região e, por achar interessante, decidiu publicar numa rede social. Ele mesmo conta que ao mergulhar nas imediações das Cagarras, em janeiro viu as esculturas.

“Tem uma ânfora imensa. Tem outras esculturas menores. Andaram dizendo que foi minha escola que fez isso, mas é um absurdo. Quem fez isso gastou muito dinheiro. É preciso ter um caminhão e contratar um rebocador para transportar peças daquele tamanho até o meio do mar. Imagina o quanto não custaria isso. Além do mais, se tivesse que criar um ‘parque’ para atrair turistas, faria isso nas ilhas Pai e Mãe, em Niterói, que é onde costumo mergulhar com meus alunos”, disse Mineiro, que nem considera as peças bonitas.

Os objetos, como uma ânfora, estão a cerca de 15 metros de profundidade, nas imediações das Cagarras (Foto: Felipe Guarnieri/ SubVision)

Ainda segundo o professor de mergulho, as esculturas estão num areal no meio do mar, afastados na área de conservação e proteção permanente das Ilhas Cagarras. A área protegida de 105 hectares, criada pela ICM Bio em 2010, inclui as ilhas Cagarras, Palmas, Comprida e Redonda e as ilhotas Filhote das Cagarras e Filhote da Redonda e uma área marinha com raio de dez metros ao redor as ilhas.

“Há muitos anos entrei fiz uma consulta ao Inea para saber se era possível fazer um naufrágio nessas áreas de mergulho, aproveitando barcas velhas que estão ancorada na Baía de Guanabara. Eles poderiam se transformar em arrecifes artificiais. Mas nunca recebi resposta”, contou Mariani.

O advogado Felipe Guarnieri, que junto com o amigo empresário Olavo Cabral, mergulha por hobby há cerca de 20 anos, fotografou as esculturas no mar. Segundo ele, os objetos estão colocados sobre uma base, o que mostra que não foram jogados aleatoriamente no fundo do mar. E não acredita que seja para que formem arrecifes artificiais.

“Dificilmente a gente vai ver muitos organismos marinhos se formando nesses objetos. A água na região é turva e devido à profundidade, a incidência de luz é muito pouca. Mesmo nas pedras perto das ilhas não há formação de corais, por exemplo. Para quem mergulha, os objetos são interessantes, mas não acredito que atraia tanta vida marinha para lá. Não sei quem fez isso, se é legal ou não, nem qual o propósito, mas é curioso”, disse Guarnieri.

A Capitania dos Portos, do 1º Distrito Naval, está investigando o caso.

 

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