A versão bigtec do capitalismo retirou o nome e o rosto do opressor repartindo em milhares de fagulhas barulhentas ou silenciadoras o autoritarismo punitivo.
Outro dia li nas redes sociais uma frase que se referia àqueles a quem não podemos criticar, qualificando-os como nossos opressores.
É por aí. Um oprimido sabe que não pode criticar quem o oprime desde o dia que nasce. Assim sendo, quem ousar criticar uma pessoa tida como “incriticável” pelas maiorias seguidoras, em bom internetês será vitimado por haters e cancelado.
Tenho pensado no reverso disso.
Algo do tipo, que maravilha ser cancelado por essa galera autômata, autoritária, sem noção de real, robôzinhos de bigtecs!
Mas não é apenas isso que entra em cena.
O lance é que os robôs de verdade assumiram o posto ditando o que mostram e o que escondem nas redes sociais. Convencendo até gente que pensa bem a buscar agradar suas intencionalidades, que com lapso de visão já podemos perceber que se afinam com desvirtuadas temáticas, inclusive nazifascismo.
Sim meus senhores e senhoras, a tecnologia está trabalhando contra nós, humanos poetas, sonhadores de um tempo partilhado entre cidadãos do mundo e seus direitos à felicidade.
Aqui se vende felicidade compacta rebolando na frente de uma câmera, falando disparates engraçados ou não, agregando dedinhos que curtem, amam e assistem por tempo cronometrado para monetizar alguém.
O sistema convenceu até quem acabou de nascer. O celular que será usado para o entretenimento do bebê em breve dias entrará na lista do enxoval. Ou já entrou?
Fazer contracultura é continuar sendo razoável com a própria razão.
Isso implica a solidão das leituras ou a criação de clubes particulares para falar sobre livros e alcances da imaginação interpretativa, fugindo do tédio de apreciar imbecilidades para existir online.
Mãos à obra, com vídeos ou não. Importa não abdicar do cérebro e muito menos da liberdade de pensar.