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Caminhando sobre homens, chorando os cães

Não iniciarei justificando o quanto gosto de animais, meu foco é refletir na situação desumana de uma sociedade que mostra indignação, lágrimas e protestos diante da tortura e morte de cães, e, em paralelo, não demonstra nenhuma comoção ou solidariedade às famílias diante do assassinato de pessoas.

Antropofagia do século XXI, vira mote de política núcleo duro em Alagoas. Matar gente é corriqueiro, e se for a polícia, parece delícia.

O que está havendo com essa geração?

Registro minha tristeza ao constatar que estamos, em coletivo, cada vez piores. Cada vez mais indiferentes, insensíveis. Desviando talvez nossos sentimentos para o zelo com os animais, tentamos manter uma chama de bondade em nossos corações. Estes corações, porém, fecharam suas portas para os outros seres humanos que são destituídos do direito máximo da nossa espécie: o de viver. Não haverá justificativa de cunho classista, moral ou asséptico que justifique a concordância em massa com a morte.

Não é um confronto, mas o uso consciente da minha liberdade de expressão, em análise e ponderação. Pois por mais que eu me afeiçoe a um cão, o homicídio me causa mais indignação. E não ouço clamores sociais por justiça, antes o choro das famílias é abafado pelas falácias, exibições de força e manipulação midiática em favor do poder atroz.

Ergo essa bandeira aparentemente solitária em defesa da vida, pelo fim do genocídio da juventude alagoana, desejando profundamente que sejamos uma sociedade que garante direitos e cuidados a pessoas e animais.

 

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