Uma estranha casadinha oprime o cenário político alagoano, que conjuga prefeituras e governo do estado em jogos solitários de poder, onde apenas os seus próprios interesses escolhem as cartas. O monólogo de si para com os vínculos instituídos no entorno, na confirmação de que já vivemos o ápice da democracia sem povo.
O governador Paulo Dantas e o prefeito João Henrique Caldas, por exemplo, não se importam com a opinião pública quando assumem posturas impopulares abertamente, adotando o calote como política local, desferindo golpes em segmentos vulnerabilizados pela história oligárquica que sempre escolhe quem vai comer e o que vai comer.
JHC normalizou o calote em quem presta serviços para a prefeitura de Maceió, tendo como parâmetro a pequena escala, porque com os considerados fortes economicamente, ele mantém outro nível de relação, inclusive na preferência dos milhões que saem do cofre público local.
Paulo Dantas assumiu uma quebra de braços com os professores do estado, segurando o pagamento de um montante que já está na conta, para encontrar manobras que lhe permitam não pagar os precatórios do FUNDEF, que se observados de perto, constituem migalhas diante daquilo que estado repassa para a casa legislativa, por exemplo.
Ambos encontram dois pilares de apoio: as instituições locais e a indiferença do eleitor diante das mazelas que implementam.
Como não temos o poder de mudar as instituições, pois estas foram colonizadas por dentro pelos elementos mais antigos das estruturas de dominação, e de públicas carregam somente as tarjas e o orçamento, pelo menos podemos mudar as reações para com estes perfis políticos opressores, demonstrando insatisfação com as políticas de apropriação do dinheiro público, quando teriam a obrigação legal e moral de fazer o repasse aos trabalhadores.