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Brasil: a morte está no poder

Enquanto há vida no corpo que te move, não se permite esquecer os corpos sem vida, sem velório e despedida.

A alma rasgada de quem distante chora, clamando de impotência por alguma saída  pertence a este chão de ventre ferido.

Rasgos de soluços se perdem na imensidão do país mudo.

Nosso país em guerra ensandecida contra seu povo promove a vergonha humanitária de quem ainda é bolsonarista!

Nas casas dos seus eleitores e apoiadores estão os rostos lívidos dos que acataram morrer e matar, ajudando o líder estúpido a propagar o vírus.

Em nossas vidas o terror de amar e odiar familiares infectados pela doença ideológica denominada Bolsonaro.

É a agonia de não saber quem morrerá sem ar, quem vai encontrar um lugar digno para intubar, quem vai vagar pelos corredores nos últimos instantes e quem vai sobreviver para chorar.

Precisamos vencer Bolsonaro, mas estamos sem elementos intelectuais o bastante, afetados no bolso e no estômago com imenso soco!

Para vencer pela luta comum seria preciso não conduzirmos histórias tão alienantes!

A aula perdida, o saber mal aplicado, o analfabetismo existencial de um país gigante oprime o sonho de libertação!

Será o caos do último instante o líder revolucionário que derrubará o genocida?

Como perceber que este instante chegou a mendigar um atendimento nos hospitais lotados, com UTIs fechadas a aguardar a morte seguinte, para intubar o próximo?

Não há dissertação que contemple a condenação coletiva que nos trouxe este voto avisado, declaradamente suicida, que colocou as vidas brasileiras na mortalha fria de um saco.

A dor deste instante precisa nos jogar para longe desse imenso buraco, onde algum broto de esperança esteja vicejando.

Repensar o país na beira do abismo talvez não nos leve a outro lugar agora.  Mas sem pensar somos apenas instinto.

Será o instinto de sobrevivência que salvará o Brasil? Ou teremos perdido até mesmo isso?

Por ora a meta tem sido sobreviver. Primeiro passo para depois o segundo acontecer.

Precisamos combater a morte que se instalou no poder.

 

 

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