Bom para as crianças, bom para os adultos

Antonella Bongarra Nunes – Membro do Conselho Diretivo da Escola Cristã Reverendo Olavo Nunes

Você parou para pensar como as crianças estão lidando com o isolamento social? Nem sempre separamos um tempo para pensar nos pequeninos e no quanto esta situação em que estamos vivendo pode ser difícil para eles. A forma como uma criança reage às adversidades pode variar de acordo com a idade e experiência de vida, mas especialistas alertam que essa quebra na rotina pode deixá-las estressadas e ansiosas. Elas estão longe dos seus amigos, impossibilitadas de brincar ao ar livre, de fazer longas corridas pelo pátio da escola ou de se esconder no recreio.

Muitas crianças sentem os reflexos do que está acontecendo na família, até mesmo as de menos idade, por isso, é importante ser honesto e apaziguador. É necessário conversar com elas sobre a situação. Afinal, elas são muito mais espertas e observadoras do que aparentam e estão sentindo e sofrendo junto conosco, não menos ou de maneira desinteressada. Estão lidando como podem, do jeito que sabem e muitas vezes sem um olhar apropriado de um adulto que as entenda e acompanhe no luto de ter perdido tantas coisas até aqui.

É difícil pensar no próximo quando nem nós mesmos estamos com certezas sobre o futuro, mas o primeiro passo é se lembrar diariamente de que esta situação atípica irá passar e que é importante manter uma rotina calma e constante. Falamos muito em perdas, mas sinto que também tivemos ganhos, e ganhos preciosos dentro das nossas casas: esse tempo que não tínhamos para brincar com eles, para ouvi-los com profunda atenção. Se mudarmos um pouco o foco e fizermos uma lista das coisas que ganhamos, sentiremos um alívio e saberemos que este tempo, por determinação da vida, se transformou em novas descobertas.

É importante que as crianças se sintam contempladas na rotina diária dos pais e que, mesmo longe da escola, tenham experiências que estimulem o desenvolvimento de suas habilidades, principalmente a imaginação. É preciso ter um cuidado redobrado com o que vamos falar ou fazer perto delas, pois as memórias que as crianças terão sobre este período bem será diferente da nossa. As crianças não estão alheias a este processo, elas fazem parte dele e precisam se sentir incluídas, na medida do entendimento delas, sobre o que está acontecendo, para que possam processar e produzir algo bom de tudo o que passou no final.

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