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Bolsonaro pode comemorar mais um atentado à bala

Bolsonaro já pode comemorar: as ações da Taurus disparam no Brasil com o novo decreto das armas e em Paracatu, Minas Gerais, um homem matou a ex-mulher, invadiu uma igreja e disparou contra fiéis. É a contribuição do presidente da República, o homem que mais manda no Brasil, para a nossa violência.

O brasileiro nunca foi cordial ou pacato, nossa história tem muitos exemplos do tratamento dado a quem discordava dos que mandavam, mas nunca tivemos um presidente da República virando garoto propaganda do porte e da posse de armas. O Ministério Público Federal questiona o decreto de Bolsonaro. E aparentemente o silêncio toma conta de patriotas como Deltan Dallagnol, esse procurador da República enviado por Deus para orar e jejuar contra os problemas do Brasil. Menos os da era Bolsonaro.

O presidente virá ao Nordeste na próxima sexta-feira. Enfrenta uma semana de constrangimento. Os governadores divulgaram uma carta contrária ao decreto bélico do capitão.

E os poderes parecem não aguentar mais o estilo amador do nosso xerife tupiniquim. O presidente do Congresso, Rodrigo Maia, não negocia mais com o líder do Governo, o major Vitor Hugo. Maia é um dos alvos das milícias virtuais bolsonaristas pregando o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

Essas pautas, aliás, vão estar nas ruas no próximo domingo. Manifestantes e subcristãos querem o fim da democracia e exaltam Bolsonaro como um novo rei bíblico, um tal de Ciro segundo. O Bolsonaro avisou que não vai aparecer; os ministros também não foram liberados. E veremos essa gente de verde e amarelo caminhando e cantando para que as crianças aprendam a atirar, os adultos tenham armas em casa e, quem sabe, o Chapolim Colorado não seja chamado para combater o fantasma do comunismo assombrando as escolas, segundo os mais disciplinados manuais de hospício.

Falando de hospício, lembrei da obra de Machado de Assis: O Alienista. Nele tem a história do grande doutor Simão Bacamarte, o maior médico do Brasil, que passou a estudar a mente dos homens. Ele ergueu um hospício, a Casa Verde, com tantos poderes que foi internando as pessoas que mais mandavam na cidade. O povo, é lógico, se revoltou. Daí foram considerados malucos o presidente da Câmara e a mulher do doutor Simão.

A história termina com todo mundo sendo solto do hospício, a pedido do médico, e o próprio doutor Simão se internando como maluco.

Hoje, a maior parte do Brasil torce para que o nosso presidente, que não é doutor em nada, possa largar o Palácio do Planalto, que virou a nossa Casa Verde, onde também estão o Olavo e os filhos do Bolsonaro.

Odilon Rios, do portal Repórter Nordeste, para o Jornal da Correio.

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