BLOG

Bolsonaro e vírus tornam sobrevivência no Brasil ainda mais difícil

Tempos de pandemia num Brasil onde existe gente que defende uma guerra civil. O contexto é de agressão, ataques às instituições. Escreve Ricardo Noblat sobre o líder de uma destas instituições, Dias Toffoli, presidente do STF:

Brasil da pandemia, Brasil comandado por Jair Bolsonaro. Há uma herança que não foi construída por Jair, mas as previsões que poderiam irrigar esperanças não são nada animadoras.

Segundo o IBGE, em 2019, os 10% mais ricos no Brasil concentravam 43% da renda nacional. Do outro lado, mais e mais pessoas estão sem carteira assinada. Vivem de bicos. Nem constam mais nas estatísticas dos desempregados porque a informalidade virou sobrevivência. Ou subserviência.

Mais da metade pobre da população brasileira ganha, em média, R$ 850. Desta metade mais pobre, existem os 5% ainda mais pobres. E estes ganham R$ 165. São 4,5 milhões de pessoas.

900 mil pessoas neste mesmo Brasil ganham, em média, R$ 28.659.

Generais e ministros do STF estão na lista dos 10% mais ricos do Brasil, com a diferença que são mantidos pelos contribuintes. Os 46 milhões de invisíveis sustentam a dispensa cheia, os carros de luxo, as famílias destes generais.

Até o ano passado, um general ganhava R$ 22,6 mil. Passaram a receber R$ 30,2 mil, em meio a uma crise (ainda não tinha o coronavírus mas o bolsovírus).

Um ministro do STF ganha R$ 39,3 mil.

Generais sustentam o Governo Jair Bolsonaro. Qual a relação exata entre estes generais e Bolsonaro? Por que o presidente defende um golpe de Estado e estes generais silenciam?

Ainda não sabemos.

Mas sabemos que Dias Toffoli, presidente do STF, tinha como assessor especial o general Braga Neto, hoje ministro da Casa Civil, espécie de executor do Governo Bolsonaro.

A democracia foi atacada não uma, mas várias vezes, por Jair Bolsonaro, chefe de Braga Neto. O STF, presidido por Dias Toffoli, guarda a Constituição, símbolo da democracia.

Não sabemos as relações entre os generais e Bolsonaro. Não sabemos porque Dias Toffoli silenciou quanto aos ataques de Jair a democracia.

Não sabemos porque Braga Neto foi nomeado dois dias depois da execução de Adriano da Nóbrega, miliciano da cozinha dos Bolsonaro. Braga Neto foi o interventor federal do Rio de Janeiro. Na gestão dele, as milícias- defendidas por Bolsonaro- permanecem como estão, funcionando.

Sabemos que a pandemia vai aumentar o desemprego, a falência de empresas e a pobreza. Um ministro do STF e um general não correm o risco de ficarem desempregados. Um Governo nunca vai à falência.

E como nunca ficam pobres, sentirão uma perda menor em suas rendas. Ao contrário das classes D e E, 58 milhões de pessoas, perderam metade do que ganhavam. 

Na pandemia, os desiguais morrem nos hospitais públicos, se chegarem a ter leito.

Os mais iguais que outros fretam um jatinho e levam seus doentes para São Paulo.

O Brasil é assim, com Bolsonaro seguirá pior.

SOBRE O AUTOR

..