Tempos de pandemia num Brasil onde existe gente que defende uma guerra civil. O contexto é de agressão, ataques às instituições. Escreve Ricardo Noblat sobre o líder de uma destas instituições, Dias Toffoli, presidente do STF:
Dias Toffoli está perto do final do seu mandato como presidente do Supremo Tribunal Federal. Um final melancólico. O medo de farda aproximou-o dos militares. A vaidade levou-o a acreditar no brilho da sua toga. Sentou pequeno na cadeira que ainda ocupa. Levantará menor. pic.twitter.com/IiXNHhHfYy
— Blog do Noblat (@BlogdoNoblat) May 7, 2020
Brasil da pandemia, Brasil comandado por Jair Bolsonaro. Há uma herança que não foi construída por Jair, mas as previsões que poderiam irrigar esperanças não são nada animadoras.
Segundo o IBGE, em 2019, os 10% mais ricos no Brasil concentravam 43% da renda nacional. Do outro lado, mais e mais pessoas estão sem carteira assinada. Vivem de bicos. Nem constam mais nas estatísticas dos desempregados porque a informalidade virou sobrevivência. Ou subserviência.
Mais da metade pobre da população brasileira ganha, em média, R$ 850. Desta metade mais pobre, existem os 5% ainda mais pobres. E estes ganham R$ 165. São 4,5 milhões de pessoas.
900 mil pessoas neste mesmo Brasil ganham, em média, R$ 28.659.
Generais e ministros do STF estão na lista dos 10% mais ricos do Brasil, com a diferença que são mantidos pelos contribuintes. Os 46 milhões de invisíveis sustentam a dispensa cheia, os carros de luxo, as famílias destes generais.
Até o ano passado, um general ganhava R$ 22,6 mil. Passaram a receber R$ 30,2 mil, em meio a uma crise (ainda não tinha o coronavírus mas o bolsovírus).
Um ministro do STF ganha R$ 39,3 mil.
Generais sustentam o Governo Jair Bolsonaro. Qual a relação exata entre estes generais e Bolsonaro? Por que o presidente defende um golpe de Estado e estes generais silenciam?
Ainda não sabemos.
Mas sabemos que Dias Toffoli, presidente do STF, tinha como assessor especial o general Braga Neto, hoje ministro da Casa Civil, espécie de executor do Governo Bolsonaro.
A democracia foi atacada não uma, mas várias vezes, por Jair Bolsonaro, chefe de Braga Neto. O STF, presidido por Dias Toffoli, guarda a Constituição, símbolo da democracia.
Não sabemos as relações entre os generais e Bolsonaro. Não sabemos porque Dias Toffoli silenciou quanto aos ataques de Jair a democracia.
Não sabemos porque Braga Neto foi nomeado dois dias depois da execução de Adriano da Nóbrega, miliciano da cozinha dos Bolsonaro. Braga Neto foi o interventor federal do Rio de Janeiro. Na gestão dele, as milícias- defendidas por Bolsonaro- permanecem como estão, funcionando.
Sabemos que a pandemia vai aumentar o desemprego, a falência de empresas e a pobreza. Um ministro do STF e um general não correm o risco de ficarem desempregados. Um Governo nunca vai à falência.
E como nunca ficam pobres, sentirão uma perda menor em suas rendas. Ao contrário das classes D e E, 58 milhões de pessoas, perderam metade do que ganhavam.
Na pandemia, os desiguais morrem nos hospitais públicos, se chegarem a ter leito.
Os mais iguais que outros fretam um jatinho e levam seus doentes para São Paulo.
O Brasil é assim, com Bolsonaro seguirá pior.