Repórter Nordeste

Blog do Odilon: um plano de segurança para uma segurança sem planos

O plano de segurança a ser anunciado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (o quarto em um ano), pode ser, sim, uma ótima oportunidade para Alagoas deixar para trás o título de Estado mais violento do Brasil. E passar a dar o exemplo na gestão pública dos recursos, com o apoio da sociedade civil organizada.

Um mês antes do governador Teotonio Vilela Filho assumir a chefia do Executivo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarava que Alagoas viraria o case dos tucanos no Nordeste. O diplomático senador Vilela teria, nas mãos, a ordem do dia no Estado, que já era pressionado pela escalada ascendente- e incontrolável- da matança.

Percebeu-se, por exemplo, que a troca de nomes na área de segurança pública- por si só- não impede que menos armas circulem no Estado. Ou os índices negativos, sentidos mais de perto na periferia que funciona como um barril de pólvora amarrado a correntes (e prestes a explodir) não diminuem com ações pontuais de uma polícia ainda com uma banda truculenta e covarde. E, infelizmente, blindada por uma Corregedoria de atuação duvidosa ou de insensíveis efeitos sociais práticos.

Em poucos momentos, o governador tomou, para si, a gestão da segurança pública. E, ao perceber a fúria de uma sociedade assustada pelo avanço do crime- na morte do médico Alfredo Vasco- Vilela sentiu que seu Governo é uma ilha: isolado, frágil e sujeito às intempestivas mudanças do tempo.
Não por acaso o mais petista dos governadores tucanos goza de uma surpreendente impopularidade em Maceió- que interfere diretamente em seu grupo político nas eleições. Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos alcança 91% de popularidade.

É bastante claro que o governador não sabe, exatamente, por onde começar a resolver a onda de violência. É o eleitor da capital quem percebe isso. Na Assembleia Legislativa pós-taturana não há defesa nem sacrifícios; no Tribunal de Contas, as lições de Cícero Amélio, Rosa Albuquerque e Cleide Beserra- nomeados pelo governador- dispensam comentários; na Câmara Federal, os aliados do governador são os seus melhores inimigos. No Senado? Não é preciso dizer nada. As eleições falam mais alto.

Em momentos de dificuldade, como estes, Vilela diz ser um samurai. Lembranças de Sun Tzu, o homem que escreveu, há 800 anos, a Arte da Guerra. Mas, mesmo entre os samurais, o orgulho fazia-o executar o seu código de ética: a morte, em caso de desonra ou invasão do território.

O suicídio é simbólico, nos dias atuais. E nem o extremo seria louvável. Mas, surpreende que este caminho já é trilhado pelo Governo, com Vilela erguendo a espada para o seu seppuku.

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