Blog do Odilon: Quem é o "novo" interventor do Grupo João Lyra?

Chama-se Ademar de Amorim Fiel o nome do interventor do Grupo João Lyra, nomeado, como se sabe, pelo juiz

Laginha: uma das usinas do Grupo João Lyra

Sóstenes Alex, de Coruripe.

Em três meses, ele deverá oferecer um relatório completo sobre a situação do grupo. E responder à principal pergunta: o Grupo João Lyra está ou não falido?

Só que há pontos estranhos na nomeação do interventor. Quem não é tão novo assim.

Ademar é o administrador judicial do processo de recuperação das usinas Laginha, Uruba, Triálcool e Vale do Paranaíba. Todas do deputado federal João Lyra (PSD). Ele foi nomeado para essa função pelo mesmo juiz Sóstenes Alex, na ação de recuperação judicial destas empresas.

E, a partir desta sexta-feira, 26 de outubro, Ademar é o interventor destas mesmas empresas.

Em 31 de março de 2009, Ademar- como administrador judicial- fez publicar no Diário Oficial do Estado a relação de todos os credores do Grupo João Lyra. Entre eles, os bancos europeus Calyon, Alcotra S/A, Natixis e o brasileiro Banco do Nordeste do Brasil S/A.

Estes grupos pediram a falência do Grupo João Lyra em 27 de setembro de 2012

Como administrador judicial das empresas, Ademar sabe, em detalhes, as dívidas de cada um dos credores. Como mostrou no Diário Oficial de 31 de março de 2009. Ao Calyon, o Grupo JL deve exatos R$ 82.622.267,17 (valores de 2009). Ao Alcotra S/A, exatos R$ 95.187.909,09. Natixis: R$ 82.622.267,19. E Banco do Nordeste, R$ 97.052.546,15.

Lembrando: os valores são de 2009, na relação dos credores.

A pergunta: porque o novo interventor do Grupo João Lyra não decretou a falência das empresas do deputado federal em 31 de março de 2009?

E o quê ele vai dizer neste relatório, que ele deve elaborar em 90 dias, sobre a situação das usinas do parlamentar federal?

A resposta pode ser simples: Ademar, que é o administrador judicial das dívidas do Grupo JL, foi nomeado, em acordo com a Justiça, para dizer que o grupo não terá a falência decretada. Que as usinas terão condições de pagar suas dívidas e saldar os salários dos trabalhadores. Que João Lyra pode continuar administrando todo o patrimônio, mesmo sabendo  dos prejuízos da medida até hoje.

Por que o Judiciário optou por este caminho? Para dar tempo ao Grupo JL. Em três meses, todas as usinas do deputado terão moído sua safra. E todo o açúcar terá sido vendido aos mercados nacional e europeu. É uma aposta alta, em especial com a Europa em crise e milhares de trabalhadores demitidos de empresas, que fecham as portas do dia para a noite.

A suspensão do processo de falência, a nomeação de um interventor da casa e a conclusão em relatórios com resultado conhecidos por todos dentro do Grupo João Lyra é um alívio a um dos usineiros mais ricos de Alagoas. E a Justiça ajuda dando uma colher de chá. Com açúcar.

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