Blog do Odilon: Onde o crime organizado se esconde em Alagoas?

Exatos dois meses de implantação do plano Brasil Mais Seguro, Alagoas não sabe se a violência, de fato, está diminuindo. Os números oficiais são vagos e as declarações a respeito do assunto, garantidas mais por relatos orais do Governo que qualquer outra fonte.

Nenhuma instituição tem, ao certo, os números que mostram o recuo dos crimes violentos.

Sabe-se que de julho a setembro, a Secretaria de Comunicação vai gastar R$ 3,3 milhões em propaganda- mais que o custeio da Polícia Civil ou Militar. Mais que o valor pago- neste mesmo período- à Perícia Oficial.

Sabe-se, também, que 124 corpos aguardam exumação pela Perícia Oficial e que existe um impasse entre o Sindicato dos Médicos e o Governo. Afinal, como alguns destes corpos serão periciados, em caso de assassinato? Os atestados de óbito retroagem?

A resposta é não.

O Instituto Médico Legal Estácio de Lima está fechado e as perícias são feitas, de improviso, na Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal), que garante não ter estrutura.

As ações policiais buscam os holofotes- para justificar os “buracos” do plano. E como não há transparência nas ações ou apreensões nem prestação de contas dos gastos com o dinheiro público, a polícia usa a força bruta para manter, perto de si, a ignorância: dois casos de tortura registrados, investigados sob sigilo. E como o sigilo em alguns casos é aliado dos que protegem o crime, é provável que as vítimas sejam processadas por falso testemunho, apesar da falsificação de um laudo pericial atestar quem mente e quem fala a verdade.

A ignorância tem sido a maior aliada do Brasil Mais Seguro. Dizem que a ignorância é inimiga da paz. Não é diferente em Alagoas.

Quadrilhas de traficantes são presas. Mas, enquanto as polícias de fora sabem que os comandantes do tráfico não moram nas favelas ou grotões, a força alagoana se esforça para mostrar que os criminosos não vestem terno ou gravata nem moram no luxo, mas calçam havaianas e usam boné Billabong- a maioria roubados.

Em 5 de dezembro de 2000, a CPI do Narcotráfico indiciou mais de 800 pessoas. Entre elas, um ex-deputado federal de Alagoas e sete ex-deputados e deputados estaduais, além de ex-governador, acusado de mentir em depoimento à CPI.

Todos são ricos, famosos, desfilam sem medo entre as barreiras policiais e estão blindados em qualquer investigação.

E a violência continua a mostrar que o Brasil Mais Seguro entra em seus 60 dias em estado crítico. As apreensões de drogas tratadas como problemas ocasionais; a quantidade de armas circulantes uma situação pontual. E a pobreza sendo, de fato, a grande responsável pela violência.

Afinal, nos mostram as ações da polícia: ser pobre, em Alagoas, é ser bandido. O crime organizado sente inveja com tamanha imaginação.

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