Até o senador Renan Calheiros (PMDB) ficou surpreso. O usineiro Nivaldo Jatobá anunciou, pelo PMDB, que será candidato em São Miguel dos Campos- apesar do currículo como gestor público, nem sempre lembrado pelas virtudes.
Em maio, ele foi indiciado foi indiciado pela Polícia Federal pela prática de trabalho escravo e redução dos direitos trabalhistas. Os agentes da PF flagraram cerca de 50 trabalhadores na colheita do coco na fazenda Gunga- próximo à praia do Gunga- na cidade de Roteiro.
O flagra foi feito em maio do ano passado e o inquérito tem dois volumes, com quinhentas páginas. A consequência disso é que o usineiro pode nunca mais disputar uma eleição- se a Justiça Federal condená-lo pela prática. Será considerado ficha suja.
Nivaldo Jatobá pode ainda perder as terras da fazenda. Pela Proposta de Emenda Constitucional do Trabalho Escravo (PEC), aprovada em 22 de maio pela Câmara dos Deputados- terras onde forem constatadas a prática de trabalho escravo- ou situação análoga- serão desapropriadas.
Além de Jatobá, foi indiciado o responsável pela colheita do coco, José Pedro Ferreira, como aliciador dos trabalhadores.
Em setembro do ano passado, Nivaldo Jatobá teve que se explicar à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (antiga Delegacia Regional do Trabalho). Acumulava nove infrações na CLT- a lei trabalhista.
Em junho do ano passado, o procurador da República, Gino Sérvio Malta Lôbo, abriu ação civil pública para investigar o usineiro, que é ex-prefeito de São Miguel dos Campos.
Isso porque a mulher dele (e ex-prefeita, cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral) estaria usando dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para a compra de peças na Alagoas Diesel- de propriedade de Jatobá.
Problema é que a prefeita é mulher de Nivaldo Jatobá- o que supostamente poderia indicar favorecimento. Mas, além disso, o MPF investiga se verba do Fundeb foi gasta para a compra de peças na Alagoas Diesel- o que indicaria desvio de finalidade do fundo, exclusivamente voltado para a educação.
Se for comprovado o desvio de finalidade, o MPF abre uma ação de improbidade administrativa contra a prefeita.
Em janeiro de 2011, Nivaldo Jatobá era procurado pela Superintendência do Patrimônio da União, em Alagoas, por uma dívida de R$ 61.411,47; em junho, nova dívida, com a mesma superintendência: R$ 19.041,75.
Nivaldo Jatobá chegou ainda a ser citado, junto a outro usineiro, pelo assassinato com nove tiros, em 28 de outubro de 1996, na praia de Ipioca, do ex-tributarista Silvio Vianna.
Em um DVD, ex-tenente-coronel diz que ganhou R$ 350 mil para tramar o assassinato de Silvio Vianna e acusou Jatobá e outro usineiro. A acusação contra ambos foi arquivada. E eles sempre negaram o crime.