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Blog do Odilon: Eleição não é aclamação

Há uma diferença entre uma eleição e uma aclamação.

Se o ex-governador Ronaldo Lessa renunciasse à disputa pela Prefeitura de Maceió, veria-se uma aclamação. A vitória do grupo do governador Teotonio Vilela Filho, que tem três candidatos, dois deles- Rui Palmeira e Jeferson Morais- com chances de ganhar.

Desde maio- um mês antes da convenção- que todas as pedras de Alagoas sabiam que a Justiça Eleitoral dificilmente aceitaria o registro de candidatura de Lessa. O clima entre os magistrados varia entre o sem número de processos que o ex-governador responde, passando pelas prováveis condenações em última instância, as provas dos delitos e suas consequências no futuro até mesmo a mágoa- este sentimento que machuca o ser humano e penaliza até mesmo quem não tem sangue nas veias e nem coração, como diria Lupicínio.

O chapão sabe que o passado condena Lessa. Não as ações de improbidade administrativa ou os indiciamentos. Mas a língua solta e o temperamento turrão. O ex-governador chamou o desembargador Orlando Manso de ladrão, em uma entrevista. Em 29 de novembro de 2005- uma terça-feira- a desembargadora Elisabeth Carvalho bateu boca pelos jornais- mirando o então governador Lessa: “O governador do Estado nunca teve o controle, em nenhum momento, do Estado. Quando sentar um governador, me avisem”.

Era a crise do sistema prisional- e Elisabeth era presidente em exercício do TJ.

No TRE, os magistrados sabem- e dizem informalmente- que a campanha de Lessa será muito difícil. Terá menos dinheiro, apesar do folgado tempo de TV- que é sustentada por dinheiro. O placar de 4 a 3 complica ainda mais o ex-governador. É para mostrar ao TSE que o caso Lessa divide até mesmo os mais experientes especialistas no Direito.

Por isso, um velho Lessa, aquele de 2005- de estilo explosivo como o povo gosta- vai às ruas. O Lessa vítima, o Lessa perseguido, o Lessa que aos 19 anos foi preso pela ditadura e aos 60 luta com seus moinhos de vento, estes gigantes do deserto.

É uma caminhada de 40 dias e 40 noites até às urnas.

Mas, em uma eleição e não uma aclamação como querem os inquilinos do Palácio República dos Palmares. Porque aclamar é dar uma vantagem única a um só lado- neste caso, o do governador.

E o governador é poderoso, mexe até com os resultados de inquéritos policiais em Alagoas. Mas, não pode virar um semi deus, pairando em nuvens, nas mentes dos eleitores.

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