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Blog do Odilon: A lei Amaral e os xerifes

As ações do plano Brasil Mais Seguro, em Alagoas, acumulam mais confetes, duas denúncias de tortura, troca de tiros mal explicadas- com “chefes do tráfico” mortos- e poucos números sobre o que, de fato, é considerado avanço e foi deixado para trás.

Quantas armas apreendidas? Onde a ação do crime diminuiu?

O Repórter Alagoas mostrou, por exemplo, que o discurso oficial falava em 80% dos homicídios esclarecidos. Na Delegacia de Homicídios de Maceió ninguém se atreve a falar do assunto.

Agentes policiais mostrados como herois na televisão e nos jornais, ao lado de bandidos “feios, sujos e malvados” (filme de Ettore Scola), virou a mais nova brincadeira de quem usou a mesma estratégia no passado- e com um fracasso retumbante, responsável por colocar Alagoas no topo dos mais violentos.

Tempos em que se inventava, omitia, mentia, mistificava-se super homens. Tempos em que bandidos pés de chinelo viraram integrantes do PCC, chefes do tráfico no Nordeste, presidentes de cooperativas do crime. Coisas que só o comportamento humano mais abjeto consegue imaginar para acusar.

E o trabalho virava fotos nos jornais e entrevistas na TV.

Eram os xerifes. Matando os índios cheyennes e shoshones, dos faroestes.

Há uma certa razão no coronel Amaral ao declarar que “bandido bom é bandido morto”. É porque isso mostra que, em Alagoas, a lei virou agente paralelo.

A pena de morte existe para o tráfico e, agora, para a polícia. Mata-se para limpar-se, livrar-se do sujo, do incômodo. Não inflar as cadeias. E aumentar a popularidade (a quem precisa dela) em tempos de eleição.

Se o plano funciona? Isso é questão secundária. Corpos no chão impressionam mais que algemas nas mãos.

Mas, cá entre nós: se os corpos falassem, qual a versão deles sobre os crimes em Alagoas?

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