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Biu de Lira reúne oposição e senadores contra Renan Calheiros

Após 15 dias de descanso e check up na saúde em dia, o senador Benedito de Lira (PP) está de volta à arena política alagoana. Ainda rouco, começa a organizar na próxima semana a oposição que quer fazer barulho na era Renan Filho (PMDB). Dois objetivos imediatos: esta semana, reuniu-se com o prefeito Rui Palmeira (PSDB). Não cobrou cargos- garantiu- mas quer ajudar a tocar obras em Maceió.

Na próxima semana, movimenta a sede do Partido Progressista, o PP. Vai atrás dos prefeitos e vereadores que sobraram pós-campanha eleitoral. Não teme o tamanho da vitória do novo governador- que carregou pouco mais da metade dos votos dos alagoanos. Porém, têm estratégias. E muitas. Em Brasília, participa de um bloco com uma dezena de senadores. Objetivo? Derrotar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB)- candidato à reeleição, apesar de negar, mas com apoio do Palácio do Planalto. Leia-se: Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

A função de Biu de Lira é correr o Nordeste. Buscar os insatisfeitos com Renan Calheiros. Na conversa com a reportagem, não usa tom ácido.

Nem carrega dor de cotovelo pela derrota. Mas, aproveita o espaço- pedido pela reportagem- para falar.

E fala:

O futuro governador Renan Filho (PMDB) comemora a votação do novo indexador da dívida pública, que gera uma folga nos cofres do Estado. Ao mesmo tempo, ele fez promessas demais na campanha. O que ele poderá executar com dinheiro do Estado, sem precisar da União?
Nada, vai ter de buscar fora do Estado. Este indexador novo da dívida o resultado não é imediato. Dará folga mais para a frente: dois anos, pelo menos. Até lá, governa com os recursos que têm. E o Governo Federal não passa por uma boa fase. A União não cortará as emendas, mas fará na máquina pública e nos investimentos.

Como será esse jeito de fazer oposição do senhor?
Em política a gente aprende. E eu aprendi que quem ganha, governa. Quem perde, vai para a oposição. Não serei contra Alagoas. Mas não tenho motivo ou razões para fazer alianças com quem se elegeu. Essa é a minha forma de fazer política. Desejo que ele faça um Governo.

O senhor falou que o Governo Federal não cortará as emendas parlamentares, apesar da crise. Quais as suas emendas?
Estou pedindo audiência com o [Ricardo] Berzoini [ministro das Relações Institucionais]. Ele cuida da área das emendas. Vou reivindicar a continuidade da ligação Passo de Camaragibe a Matriz de Camaragibe, Chã Preta a Correntes [Pernambuco], a conclusão da obra do Alagoinhas.

Renan insiste não ser candidato à reeleição para a Presidência do Senado e do Congresso Nacional. O que diz sobre isso?
O que Renan diz não se escreve. Ele quer fugir dos holofotes. Na vez passada- na mesma disputa à Presidência do Senado- fez isso também. Ele age estrategicamente.

Quando começam as articulações?
O processo é deflagrado do final de dezembro para janeiro.

O que o senhor percebe neste cenário?
Que é hora de rotatividade na Câmara e no Senado. O PMDB comanda as duas casas. O PT é a maior bancada da Câmara. E existe um acordo de rotatividade, do PT na Câmara e o PMDB no Senado. Este acordo não está sendo cumprido.

O senhor vota em Renan à Presidência do Senado?
Ele votou em mim para o Governo?

Não. Ele diz que votou no filho.
Então não voto em Renan. Vamos fazer um bloco no Senado com independência para tratar assuntos de relevância. Mas, mantemos nossa identidade com a presidente Dilma Rousseff.

Quantos compõem este bloco?
Acima de uma dezena.

Qual o seu papel neste bloco?
O PP se alinha a outros partidos. Focamos no Nordeste, que é uma região que precisa ser tratada com diferenciação.

O senhor quer ser uma liderança na região, então?
Não, há nomes de grande expressão: o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner, do Ceará, Cid Gomes.

O senhor é o terceiro da lista?
Não, quem sou eu? (risadas)

Como será a formação do bloco de oposição em Alagoas?
Na próxima semana vamos conversar com os companheiros de partido e dizer que estamos todos juntos.

E essa conversa com Rui Palmeira?
Vou declarar meu apoio a ele para a reeleição [de Rui]. Não pode ser diferente. Ele me apoiou em 2014. Ajudarei no que puder. Teremos uma conversa, faremos ajustes na administração. E vamos traçar 2016. A conversa não busca espaço ou cargos. Ele tem sido correto e decente com o PP.

O que quer da administração de Rui?
Ele é correto, decente e ético, faz o máximo que pode. Mas, os municípios no país passam por dificuldades jamais vistas, ações terão de ser revistas pelo Governo Federal. O Congresso Nacional terá de fazer o pacro federativo, caberá às duas casas [Câmara e Senado] melhorar esta performance.

Quem atrapalha o pacto? Dilma ou Renan?
O pacto não sai porque existe sonolência do Congresso Nacional. A Câmara e o Senado deveriam fazer mais. A matéria para votação do Comércio Eletrônico está parada há dois anos na Câmara. Não existe agilidade e a presidente Dilma tem de se debruçar sobre isso. Precisa-se sair uma reforma política urgente, uma reforma tributária e uma reconciliação entre o Congresso Nacional e a sociedade brasileira.

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