Ave Mães, da Terra de Alagoas

Figuram em nossas vidas semidestruídas como ícones da divindade, que nos fala de vida além da morte física, de coragem além do medo, de força inexplicável e de bravura indomada...porque nós somos mães...

Gostaria de poder alcançar a proeza de espalhar uma gota de luz na ponta do dedo de cada mãe, que em dor atroz, suporta esse dia, na saudade, tristeza e revolta!

As mães sem filhos, a compor a demanda populacional que resulta das ações do crime, em Alagoas.

Que essa luz, as fizesse tocar o coração, onde o amor não morre e movimenta a luta em defesa da vida!

Nossos filhos cedo retirados do aconchego do lar, seja pelas mãos vilãs do crime organizado, do tráfico de drogas, da polícia violenta, da passionalidade sociopata; seja pela indiferença da justiça, pela omissão da sociedade…

Figuram em nossas vidas semidestruídas como ícones da divindade, que nos fala de vida além da morte física, de coragem além do medo, de força inexplicável e de bravura indomada…porque nós somos mães…

Não estamos mais sorrindo em poses domésticas. Não olhamos mais admiradas para as mesas postas. O vazio cresceu demasiado, aquela cadeira sem dono e aquele prato sobrando, figuram a ausência. A dor.

Em uma casa a polícia entrou, matou e justificou. A sociedade calou. Na outra a calamidade anunciou a desdita com ares de pompa, a sociedade aceitou. Naquela a lei silenciou, o gatilho foi apertado e a poesia largada na estrada, no canaval, na rua fria…Essa a história da gente! Para nós, qual dia não é o dia das mães, sofrerem?

A estas anônimas mães, de filhos amados como o meu…de filhas feitas princesas…O símbolo dessa fé e força que move as esperanças removendo as injustiças!

Mãe de Eric Ferraz, Bruno Macena, Thiago Tierras, Giovanna Tenório, Gabriela Falcão e tantos, tantas mais…

Em suas mesas sem flores, as lágrimas cristalinas de Maria Santíssima a misturar-se às vossas. Feito uma prece coletiva, vinda daquelas que ontem choraram e as que hoje choram, a subir para Deus, distribuindo Amor pelos espaços siderais, em busca dos nossos filhos!

As mães sem presentes, sem brindes…o desejo de apertar o corpo que gerou, beijar o rosto que admira na saudade, no sonho inexplicável de contar-lhes histórias sem tristeza, numa perspectiva transcendental de glória.

Ave Mães da Terra! Mães dos filhos violentados. Mães da dor que envergonha a sociedade de maioria cristã.

Para nós, para vós, o presente incomparável da confiança na Vida Maior.

Para nossos amados, a promessa do reencontro vitorioso, após a luta sem tréguas, sobre a omissão e a injustiça. Falando de amor, mesmo na dor, apontamos as mentiras que soerguem as barreiras institucionais, devoradoras das consciências.

Mas sobre a vergonha da sociedade que temos, nossa humildade altivez no prosseguir da jornada, por saber que apesar da violência, discriminação, mentiras, omissõs, impunidades e conivências…AMOR NÃO MORRE!

.