Audiência pública na Câmara Municipal aborda situação do HGE

A situação do Hospital Geral do Estado (HGE) foi tema de uma audiência pública convocada pelo vereador Dr. Valmir Gomes (PT) realizada nesta sexta-feira(26) no auditório Silvânio Barbosa na Câmara Municipal. O gerente da unidade, médico Paulo Teixeira foi o primeiro a apresentar detalhes das providências que estão sendo adotadas para sanar o grave problema da presença de pacientes em seus corredores.

De com os dados o HGE apresenta uma média de 620 cirurgias por mês, sendo que 25 ou 30, ocorrem por dia a depender da demanda. Por conta desse grande volume foi realizado um novo planejamento de distribuição desses pacientes para outras unidades que integram a rede de apoio.

“O HGE tem um movimento cirúrgico elevado de alta complexidade o que é muito importante porque não tínhamos uma referência de atendimento porta aberta para a população de baixa renda. Foram mais de 6 mil cirurgias de janeiro a outubro: oncológicas, vasculares, renais e cirurgia geral. Apesar de não sermos referência de oncologia recebemos dezenas de pacientes que não foram atendidas nas referências e foram atendidas por nós”, explicou Paulo.

Pela nova proposta, para tirar o fluxo dos corredores teria que deixar de realizar cirurgias de alta complexidade. Sendo assim a solução foi a negociação dos leitos de retaguarda dos prestadores de serviço. No caso das cirurgias cardíacas, Santa Casa, Carvalho Beltrão e Veredas juntos ofertarão 120 leitos o que pode evitar acúmulo de pacientes vasculares no HGE.

A mesma proposta foi discutida com a Secretaria Estadual de Saúde para os pacientes cardiológicos. A Santa Casa passará a realizar 20 novas cirurgias, o Veredas outras 15, Chama manterá as atuais sete que realiza por semana. Já o Hospital Metropolitano está estruturando um setor de cardiologia que irá ter a capacidade de oferecer 20 cirurgias por mês.

Em nome do Conselho Estadual de Saúde, a odontóloga Kátia Born, disse que os conselheiros chegaram a um entendimento que diante da complexidade que cerca o HGE há a necessidade de que uma comissão permanente possa acompanhar suas demandas. Essa necessidade é fundamental para que possam ter acesso as informações de ações estratégicas. “Até porque não poderemos dar sugestões se não conhecemos a realidade. Não para sermos contra ou a favor, mas para ficarmos a favor da população que é esse o nosso papel”, explicou Kátia.

Ainda assim, para Kátia já existe um entendimento claro dos conselheiros que é o de que todos os pacientes clínicos que hoje chegam ao HGE precisam ser transferidos para o Hospital Metropolitano.

Segundo o sub-secretário Estadual de Saúde, médico Marcos Ramalho, parte do problema histórico que resultou superlotação do HGE tem como causa a falta de atendimento dos pacientes nas unidades básicas, em alguns casos também no interior do Estado. E foi isso que o Governo de Alagoas procurou combater com a criação de unidades fora da capital e com a implantação das UPAs para que sirvam de referência no atendimento.

“O HGE conforme entendimento da Sesau, após a entrega das seis UPAs tomamos a decisão de que a unidade passe a atender o que é o seu perfil que é a emergência. Com a entrega da sétima UPA é nelas que devem ser feitos o atendimento de urgência e no HGE apenas emergência. Tudo isso será ordenado pela regulação estadual”, explicou Ramalho.

Ele lembrou ainda, que a entrega de unidades de alta e média complexidade no interior – litoral e zona da mata – é possível diminuir o fluxo de outras unidades da capital que estão sendo reformadas a exemplo do Hospital Hélvio Auto. Mesmo assim ele disse que foram entregues UTIs com pressão negativa que evitará contaminação no atendimento de pacientes com doenças infectocontagiosas.

Segundo a coordenadora da Atenção Especializada do Município de Maceió, Sandra Oliveira Torres, todos os esforços para o redirecionamento e redimensionamento de fluxo do HGE são importantes. Por outro lado acredita que não será algo fácil por conta da cultura das pessoas em relação ao atendimento no HGE. “Historicamente o HGE sempre deu solução para tudo e as pessoas assimilaram isso. Precisaremos de um trabalho grande e também com o apoio da mídia”, disse Sandra.

Ela revelou que Maceió tem 52% de atendimento pela Atenção Básica. Tanto que algumas unidades municipais estão ampliando seu atendimento nos postos até às 21h no chamado “horário estendido”. Outra ação importante é para os pacientes cardiológicos com a criação de um fluxo e suporte no PAN Salgadinho com a ampliação do número de profissionais naquela unidade. “Há ainda a importância de fortalecemos as redes desde a atenção primária até a alta complexidade”.

A vereadora Silvania Barbosa (PRTB) concordou que a cultura de ir para HGE com qualquer enfermidade é algo real. Ela defendeu um atendimento humanizado dos profissionais já que as pessoas estão muito carentes e precisam também de atenção. Para ela foi muito importante a audiência ter recebido representantes tanto do Estado quanto do Município porque em outras oportunidades não compareciam a casa.

“As pessoas levam uma topada vão para lá, um dor de dente da mesma forma e essa relação dos exames de imagem eu já ouvi pessoas dizerem que não iam marcar porque iriam para o HGE. A melhor coisa do ser humano é quando se atende o outro com atenção”, destacou Silvânia ao parabenizar a iniciativa da audiência.

Para o vereador Pastor Oliveira (Republicanos) a discussão sobre o HGE é fundamental porque a unidade não é apenas referência, mas em alguns casos o único refúgio. Conforme lembrou, a saúde estadual tem méritos mas é preciso que todos estejam atentos para os riscos em relação a pandemia por conta dos festejos do final do ano e o carnaval. “Sou radialista e todos os dias conscientizo as pessoas sobre a necessidade da segunda dose, a terceira dose e os cuidados”, disse Oliveira.

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