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Ataques à médica alagoana usam digitais bolsonaristas

A campanha de ódio movida, nas redes sociais, contra a médica infectologista alagoana Sarah Dominique, diretora do Hospital da Mulher, tem muitas características observadas em outras campanhas, igualmente semelhantes, de destruição de reputações, informações falsas, ilações e, principalmente, recusa de conceitos científicos nestes tempos de pandemia.

Campanhas encabeçadas por personagens do bolsonarismo e que recrutam seus propagadores não somente entre os robôs.

Infelizmente, a Polícia Civil de Alagoas dificilmente conseguirá descobrir e retirar de circulação estes criminosos.

Entenda a história (Texto de Agência Alagoas)
Tem circulado em grupos de WhatsApp uma imagem, com conteúdo difamatório, que traz uma série de alegações falsas sobre o trabalho da médica infectologista Sarah Dominique. Ela é a atual gerente médica do Hospital da Mulher, referência no estado para o tratamento da Covid-19.

De acordo com a mensagem, a médica teria mandando pacientes com a doença para casa e estes teriam vindo à óbito por falta de tratamento. O texto na imagem diz ainda que Dominique teria recebido ordens do governador Renan Filho para não aplicar hidroxicloroquina em seus pacientes. As informações, além de falsas, são potencialmente criminosas.

A imagem traz também uma fotografia da infectologista e um texto em tom alarmista. “Alerta. Se forem atendido (sic) por essa médica. Cuidado!!! Ela manda o paciente com COVID 19 para casa. E quando volta já está com o avanço dessa doença e provavelmente vá a óbito”, diz um trecho.

De acordo com a assessoria do Hospital da Mulher, Sarah Dominique é gerente médica da instituição e não realiza atendimentos ambulatoriais no hospital que, até agora, dispõe de 100 leitos para atendimento à população e é referência em Covid-19 no estado, recebendo casos suspeitos ou confirmados da doença. Por essa razão, seria não apenas falso, mas também impossível de ocorrer o que a mensagem alega.

Em resposta ao conteúdo compartilhado, a médica Sarah Dominique informa que foi contratada pelo Governo do Estado com total liberdade e independência no gerenciamento do Hospital da Mulher e que segue todos os protocolos médicos para o tratamento da Covid-19.

“Infelizmente as pessoas não conhecem os protocolos e acabam criando esse tipo de coisa. Eu trabalho com ética, compaixão e respeito. Respeitando, inclusive, o direito das pessoas de se expressar. A gente vai levar pedrada, mas tem que seguir trabalhando”, diz a médica. Dominique afirma ainda não pretender levar o caso à polícia.

Criar e repassar fake podem gerar penalidades

De acordo com o delegado José Carlos, da Seção de Combate aos Crimes Cibernéticos da Divisão de Especial de Investigação e Capturas (Deic), caso a infectologista desejasse acionar a polícia, existem meios de encontrar e punir os responsáveis por criar e compartilhar a mensagem.

“A princípio são crimes contra a honra, como calúnia, injúria e difamação. Desde a pessoa que fez a primeira postagem até as pessoas que repassam a informação sem checar estão sujeitas a responder pelos mesmos crimes”, afirma.

“A polícia tem meios técnicos de chegar ao autor. Assim como os crimes comuns, os crimes cibernéticos deixam rastros que permitem à polícia identificar a autoria dessas postagens. Mas, para que isso aconteça, a vítima precisa procurar a polícia e declarar interesse em seguir com o caso”, conclui.

De acordo com a assessoria da secretaria de estado da saúde (Sesau), os pacientes diagnosticados com casos leves da Covid-19 não precisam ser hospitalizados. Após atendimento médico podem realizar o tratamento em casa. A pasta ressalta que os médicos seguem protocolos que estabelecem os medicamentos a ser receitados, caso a caso. Ninguém é mandado pra casa sem nenhuma medicação, afirma.

Alagoas Sem Fake

Com foco no combate à desinformação, a editoria Alagoas Sem Fake verifica, todos os dias, mensagens e conteúdos compartilhados, principalmente em redes sociais, sobre assuntos relacionados ao novo coronavírus em Alagoas. O cidadão poderá enviar mensagens, vídeos ou áudios a serem checados por meio do WhatsApp, no número: (82) 98161-5890. Clique aqui para enviar agora.

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