As duas crises eram anunciadas. E o Governo demorou para agir

Queda do teto de escola e queda do comandante do Corpo de Bombeiros: o governador Teotonio Vilela Filho poderia, sim, ter evitado o pior

Odilon Rios
reporternordeste.com.br

A exoneração do comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Neitônio Freitas, e a queda do teto da escola estadual Dom Constantino Lüers, em Campo Alegre, mostram que as ações do Governo demoram- e muito- para surtir resultados esperados à sociedade alagoana- que já espera muito.

Freitas respondeu a três acusações que, resumidas, são um micro-anuário da corrupção: ele foi avisado da falta de condições para que donativos das enchentes do ano passado permanecessem em um galpão, no bairro de Jaraguá, mesmo assim deixou que tudo fosse consumido pelas chamas, durante incêndio; autorizou uma viagem, com um carro da corporação, para encontro religioso na Bahia; e fraudou ata de promoção de oficiais.

Desde 2009, o Governo era avisado da conduta do oficial.

Os gestores da escola estadual Dom Constantino Lüers também avisaram a Secretaria Estadual de Educação e Esportes e ao Ministério Público Estadual sobre os riscos da estrutura do prédio. Em 2010, a escola obteve a pior nota em Alagoas em índice do Ministério da Educação- para avaliação de desempenho escolar.

O teto da escola caiu. As promessas são importantes, mas a tragédia era anunciada.

A crise não pode ser ignorada. Pior é que ela recrudesce. Sem “pautas positivas”, o Governo olha da própria sacada o desfile de índices sociais alarmantes e a divisão do Executivo entre seguidores do senador Benedito de Lira (PP) e do vice-governador José Thomáz Nonô (DEM).

Vejam-se, por exemplo, as investigações abertas pelo Ministério Público Federal nas secretarias de Educação, Infraestrutura e Saúde; a perda de recursos federais do Pronasci na Secretaria de Defesa Social; o cronograma das obras das enchentes, lentas, como é de se supor.

Crise é oportunidade. Ou fracasso de ações.

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