Após visitas aos flexais, Defensoria Pública recebe moradores de comunidades isoladas que pedem providências por realocações

A Defensoria Pública do Estado segue acompanhando a situação dos moradores das comunidades que foram social e econômicamente isoladas do restante da cidade, em consequência das realocações em massa geradas pela mineração da Braskem. Nesta sexta-feira, 17, o defensor público geral, Carlos Eduardo Monteiro, e o coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva, Ricardo Antunes Melro, receberam moradores do Flexal de Baixo, Flexal de Cima, Rua Marquês de Abrantes e localidades vizinhas.

Na oportunidade, os defensores ouviram os relatos apresentados pelos cidadãos, receberam documentações e prestaram orientações sobre as medidas que serão adotadas.

A instituição deve convocar uma audiência pública com os moradores dos Flexal de Baixo e do Flexal de Cima, entes públicos municipais e estaduais e a mineradora, nas próximas semanas.

Além disso, oficiará a Defesa Civil de Maceió solicitando informações sobre a situação da Marquês de Abrantes, a fim de analisar se lá tbm há isolamento socioeconômico.

“A situação do Flexal é diferente do Mutange, Pinheiro, Bom Parto, parte do Bebedouro e farol, que foram bairros condenados pelo risco de afundamento pela CPRM, Defesa civil nacional e municipal, restando indenizações e realocações para aqueles moradores. Nos Flexais, há alternativas. E se há alternativas elas têm que ser discutidas com a comunidade. E vamos defender o que a comunidade quer. A Braskem precisa ouvir essa população, pois qualquer solução tem que passar por eles, moradores. Além disso, existem danos financeiros ocorrendo neste momento para a população, que precisa de compensação imediata, a exemplo dos que perderam seus inquilinos, dos pescadores que não têm a quem vender, dos pequenos comércios que não têm mais fregueses. Eles estão passando necessidade por culpa da Braskem. Enfim, a mineração inviabilizou essa parte da cidade”, explicou o defensor.

De acordo com os moradores do Flexal, a retirada dos moradores das localidades vizinhas deixou o bairro ilhado.

“A grande maioria da população dos flexais quer a realocação, não temos problemas com quem quer ficar, mas desejamos que aqueles que queiram sair sejam respeitados. A população foi diretamente prejudicada pela Braskem, nós não temos mais segurança, posto de saúde, farmácia, padaria, mercadinho, nada. A grande maioria dos comerciantes de lá, hoje, passam necessidade, porque não tem quem compre e não tem mais onde tirar. Além disso, a maioria dos moradores tiravam seu sustento da lagoa, que já teve o acesso delimitado”, explicou o morador Renato Inocêncio.

A situação é semelhante para os moradores da Rua Marquês de Abrantes, no Bebedouro. “Minha mãe tem 87 anos, nem o Uber não quer mais entrar lá, depois das 10h. Não temos mais farmácia, não temos supermercado, não temos mais meios de comunicação”, contou a moradora Rosebete dos Santos.

Fonte: Da assessoria

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