Após batalha, franceses assumem hoje o controle do Pão de Açúcar hoje

JB

Jean-Charles Naouri, o presidente do grupo francês Casino, assume nesta sexta-feira o controle da maior rede de varejo do Brasil, o grupo Pão de Açúcar. A operação faz parte de estratégia para criar uma gigante do setor em mercados emergentes.

Conforme acordo acertado em 2005 com Abílio Diniz, atual presidente do conselho do grupo brasileiro, em 22 de junho, Naouri, nascido na Argélia, se torna presidente do conselho da holding controladora do grupo Pão de Açúcar. Apesar do empresário brasileiro reter o título de presidente do conselho do Pão de Açúcar, seu peso na tomada de decisões será bastante reduzido.

Naouri é um intelectual francês que passou a trabalhar com varejo tarde. O executivo de 63 anos passará a ter o comando do Pão de Açúcar com um gosto de revanche sobre Diniz, que no ano passado tentou romper um acordo com o Casino ao propor uma fusão da companhia brasileira com o arquirrival do grupo francês, o Carrefour.

“Ele não inicia disputas. Elas surgem porque os empresários não aceitam vender suas companhias quando chega a hora”, disse o estrategista de negócios Alain Minc, que assessora Naouri.

O Casino investiu pela primeira vez no Pão de Açúcar em 1999, quando resgatou o grupo de dificuldades. Atualmente o Brasil é o segundo maior mercado para o Casino no mundo depois da França e é um pilar importante na expansão do grupo francês em mercados emergentes em um momento de fraqueza na Europa.

Depois que o Casino assumir o controle, o Brasil vai representar 44% das vendas estimadas do grupo, de quase 54 bilhões de euros, e 53% do lucro operacional estimado em 2,6 bilhões para 2013, segundo analistas da Oddo Securities.

Ele iniciou sua carreira em ministérios do governo francês, incluindo o de Finanças, onde foi chefe de equipe do ministro socialista Pierre Beregovoy, na década de 80, antes de ir para o setor privado e ingressar no Banque Rothschild em 1987.

Pessoas próximas de Naouri o descrevem como um perfeccionista e como um homem complexo e reservado, que não se mistura muito nos círculos de negócios da elite francesa. Ele migrou para o varejo por meio do Rallye, um grupo de investimento que hoje controla 49,9% do capital do Casino. Em poucos anos Naouri enfrentou sua primeira batalha, ajudando o Casino a se defender em 1997 de uma oferta do grupo francês Promodes, que mais tarde foi adquirido pelo Carrefour.

Desde que se tornou presidente-executivo do Casino em 2005, Naouri é considerado como responsável pela recuperação do grupo, eliminando operações deficitárias e abrindo unidades em mercados de rápido crescimento como Brasil, Vietnã, Colômbia e Tailândia.

O executivo é pai de três filhos, o mais velho, Gabriel, 30, dirige os hipermercados do grupo na região de Paris. Com as relações azedadas entre Naouri e Diniz, os grupos têm discutido alternativas ao acordo de acionistas que possam permitir que sigam caminhos diferentes. Mas um acordo tem sido difícil. No mês passado, Naouri acertou os ponteiros com os que ele julga o terem traído. Ele afastou tanto Diniz quanto Philippe Houze, presidente da varejista Galeries Lafayette, do conselho do Casino.

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