Após apagão, governo vai passar ‘pente fino’ nas distribuidoras

Terra

O ministro interino das Minas e Energia, Marcio Zimmermann, anunciou nesta sexta-feira que o ministério vai iniciar uma averiguação minuciosa em todas as transmissoras de energia do País para investigar se o sistema de proteção da rede está funcionando corretamente. O governo pretende verificar a proteção primária do sistema, que tem apresentado defeito nas últimas ocorrências registradas em Imperatriz (MA), Foz do Iguaçu (PR) e Samambaia (DF).

“A falha na proteção primária acabou levando a uma proteção de retaguarda, que causa a queda no sistema. Estamos começando um pente fino nas instalações principais. Rapidamente vamos estender isso para todas as transmissoras do Brasil para termos uma avaliação correta dos procedimentos que as empresas estão adotando e que os demais órgãos do setor elétrico têm adotado em relação ao sistema”, disse, após uma reunião entre o ministério, o Operador Nacional do Sistema (ONS) e a Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa).

Segundo o diretor da Taesa, José Ragone, o dano foi causado pela falta da proteção que deveria isolar o problema. “Provavelmente tinha chuva entre Imperatriz (MA) e Colinas (TO), com alta incidência de carga atmosférica, que causou sobrecorrente nessa linha de transmissão. A proteção que deveria atuar para isolar o problema não atuou. O dano foi provocado pela sobrecorrente e pela não atuação que deveria isolar o equipamento, o que fez com que o problema se estendesse para os demais sistemas”, explicou.

O governo descartou completamente a hipótese de sabotagem nos recentes casos de apagões que atingiram o sistema elétrico brasileiro. No entanto, Zimmermann admitiu que a sequência de eventos é “raríssima” e que as causas serão investigadas.

“Estamos trabalhando primeiro esperando relatório do ONS. A partir do momento em que se tem um evento probabilisticamente raro, trabalhamos para aprofundar todas as alternativas, mas de forma serena. Por enquanto (a hipótese de sabotagem) não teria sentido, só podemos dizer que são eventos de probabilidade difícil de acontecer e nunca tivemos uma situação dessas num sistema interligado como é o brasileiro”, afirmou.

Investimentos

Zimmermann afastou a possibilidade de que os problemas têm ocorrido por falta de investimentos no sistema elétrico. “Nunca se investiu tanto e nunca se operou tanto sem gargalos. Temos um volume de investimento muito forte. Temos sempre que estar investindo, temos um sistema crescendo e isso obriga ter uma estrutura forte para isso”, explicou.

No escuro

Entre o final de quinta-feira e a madrugada desta sexta-feira, um apagão atingiu parte do Brasil. A queda de energia deixou 100% do Nordeste e 77% dos Estados do Pará, Tocantins e Maranhão sem eletricidade durante a madrugada. Segundo nota do ONS, o problema foi provocado por “um curto-circuito no segundo circuito da linha de transmissão” Colinas (TO)-Imperatriz (MA), justamente o que interliga o sistema Norte/Nordeste ao Sul/Sudeste.

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