Campanhas anticientíficas proliferam em contextos acossados por mentalidades arcaicas, cultivando crenças em informações falsas, que também são utilizadas com finalidades políticas postas sobre projetos autoritários.
O Brasil passou a conhecer este fenômeno de maneira larga a partir de 2018, quando as campanhas bolsonaristas ganharam fôlego como projeto de poder político partidário.
Um dos estados mais associados às práticas antivacinais continua sendo Santa Catarina, que tem governador e deputados estaduais e federais que corroboram para a negativa populacional na busca pela medicina preventiva, resultando em lotação de UTIs por doenças evitáveis e aumento de mortes.
Mas as políticas anticientíficas passaram a representar os perfis bolsonaristas por todo país. Mesmo quando as evidências comprovam que as vacinas são eficazes para prevenir e diminuir a letalidade de doenças presentes entre nós, a fé cega nas orientações de líderes políticos e religiosos, gerou uma legião de pessoas fanáticas que influenciam núcleos familiares e entorno com temores infundados.
Um caso muito emblemático, que sensibilizou o mundo, aconteceu no Reino Unido, vitimando uma jovem de apenas 23 anos, que sob influência da mãe, recusou o tratamento quimioterápico para um câncer que apresentava potencial de 80% de cura. A genitora é conhecida por ser antivacina e associada a práticas de teorias da conspiração contra a ciência.
A mãe foi acusada pelos outros filhos, por responsabilidade na morte de Paloma Shemirani. A ex-enfermeira Kate Shemirani que já teve o registro profissional cassado pela prática de divulgação de fake news na área, teria influenciado a filha a abandonar o tratamento convencional para aderir a vivências terápicas sem comprovação científica, incluindo dietas alimentares severas. Em menos de sete meses após o diagnóstico, Paloma piorou e foi a óbito.
Infelizmente podemos constatar que nem mesmo a morte faz os grupos antivacinais e perseguidores das ciências médicas, reavaliarem suas posições. Haja vista o saldo fúnebre que a pandemia de Covid-19 deixou na história do Brasil, e ainda assim seguimos registrando a permanência da recusa de vacinas, que em Santa Catarina, por exemplo, já chegou à perda e descarte de 160.000 doses.
O caso de Paloma e a história de grande parte da coletividade brasileira possuem em comum o mesmo viés ideológico, crenças infundadas de que os tratamentos convencionais matam.
Práticas antivacinais se constituíram em posicionamentos políticos favoráveis às doenças.
Uma seleção orgânica baseada na sorte foi aberta. Mas isso poderia ser evitado.