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Anti-Bolsonaro e Anti-Lula, os amigos da onça

De repente os efeitos das guerras de narrativas vão acossando nossas amizades, relacionamentos familiares e até mesmo interferindo no futuro dos nossos encontros. Quem somos nós neste tablado?

Particularmente sinto o vexame de desgostar de muitas pessoas após o bolsonarismo invadir o território dos nossos afetos.

Mas, o que fazer com o bem-querer anti-Bolsonaro que agora ataca Lula?

Estaremos evitando falar de política partidária para preservar a amizade?

Ser amigo desviante de assunto tão essencial ao que comemos e ao modo como vivemos, é ser amigo?

Aquele amor de pessoa que não aprova Bolsonaro por ser muito violento mas elenca defeitos de Lula e prefere a tangente que pode levar ao voto nulo ou votar em Moro (outra nulidade para a democracia), vai continuar pesando na balança das relações?

Agora ficou uma loucura! Amizade tem que ser levada no compasso da situação política nacional?

Como não?!!!

É nossa vida inteira sendo afetada por decisões vindas de Brasília (mesmo que tenham origem nos infernos do mercado internacional ou nas geenas do fundamentalismo religioso).

São os nossos direitos políticos sendo postos na berlinda a cada abrir de boca dos terrivelmente evangélicos, pois direitos trabalhistas estão levando até o tutano.

O que é ser amigo de alguém que dá poder ao inimigo que anseia destruir a nossa liberdade de expressão, nossas garantias de sobrevivência e ataca até nossos pequenos prazeres existenciais com medidas institucionais?!

Sim, pressinto um novo momento de destroços do que até aqui manejamos como coisa boa, quando unidos contra Bolsonaro celebramos no círculo dos anti-PT.

Desejo muito que sobrevivamos, politicamente, materialmente, mas também afetivamente, pois a bactéria fascista está roendo as narrativas popularizadas e assim contamina muitas pessoas que nos são caras mas não desvinculam do conservadorismo e outras éticas de elite.

Seria muito lindo se esse antipetismo virasse notícia de ontem, contudo, no prato de agora está sendo servido em nosso meio, outra vez; requentado e cínico.

De cá seguimos com Lula e na disposição diária de ampliar essa esperança de país democrático que nos levaram em 2016.

Aos amigos a liberdade de abrirem os olhos para enxergar e a mim a tranquilidade de não aceitar comer alimento embolorado de fascismo em tempo algum.

 

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