Alunos batem boca em reunião sobre trote com saudação nazista na UFMG

Foto:Reprodução

Terra

Cerca de 400 estudantes de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se reuniram no Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP), em Belo Horizonte, nesta terça-feira para definir medidas a serem tomadas após a divulgação de fotos em redes sociais com conteúdo que supostamente fazia alusão ao racism e nazismo. Alguns estudantes chegaram a bater boca em frente à faculdade e discordaram sobre a repercussão do caso.

Na primeira imagem, uma jovem está pintada de preto com um cartaz de papelão escrito “Caloura Chica da Silva”. A moça está acorrentada pelas mãos e um rapaz de pele clara sorri enquanto segura a corrente. Na segunda foto, um estudante está pintado de tinta vermelha e amarrado a uma pilastra enrolado por uma faixa de plástico utilizada em isolamento de acessos. Ao lado e também sorrindo, três estudantes fazem um gesto nazista, com a mão direita estendida para frente. Um deles chegou a colocar um bigode postiço semelhante ao que usava o ditador alemão Adolf Hitler.

De acordo com o estudante Caio Perrone, 22 anos, do sétimo período, as fotos foram divulgadas fora do contexto do trote, que para ele não teve nenhum tipo de conotação racista. “Acompanho o trote desde que entrei aqui. O trote da nossa faculdade, todos os alunos aceitam. Não tem violência. Não acho que foi racista. É normal. O trote não tem violência física e psicológica. É para os alunos se enturmarem. O que houve foi uma descontextualização”, disse.

Segundo Perrone, não houve intenção de ofender ninguém. “Essa questão da Chica da Silva é que todos os alunos que participam são marcados por um personagem. No caso, a menina brincou dizendo que “ninguém mandava nela” e foi apelidada. Não tiveram nenhum intuito de ofender os negros. Tanto que temos amigos negros aqui”, explicou.

O presidente do Centro Acadêmico, Felipe Gallo, 19 anos, acredita que houve um excesso na exposição das fotos pela mídia, mas reprovou a “brincadeira” feita durante o trote. “Ontem em uma reunião entre aproximadamente 230 alunos, a maioria reprovou a atuação dos veteranos. Hoje nós nos reunimos novamente e vamos tomar atitudes de combate a esse tipo de manifestação”, disse.

Segundo o diretor de relações públicas do Centro Acadêmico de Direito da UFMG, Daniel Antônio da Cunha, a superexposição na mídia não exclui a responsabilidade sobre o ocorrido. De acordo com ele, medidas como “calourada típica, visita a quilombos, atividades dentro da faculdades” serão estabelecidas.

O estudante Caio Clinaero, 24 anos, coordenador administrativo financeiro do Diretório Central dos Estudantes (DCE), afirmou que o DCE tomará medidas junto à reitoria da universidade para punir os envolvidos. “O DCE é contra qualquer tipo de de racismo e regime totalitário. Abominamos esse tipo de conduta. Tem que ter medida mais incisiva com relação a isso”, disse. Segundo ele, esse tipo de trote ocorre rotineiramente na faculdade. “Isso ocorre corriqueiramente dentro da UFMG. Não dá pra continuar assim”, afirmou.

Universidade abre sindicância

A Faculdade de Direito publicou nesta terça-feira uma portaria que designa os integrantes da comissão de sindicância criada para “apurar as responsabilidades” durante o trote num prazo de 30 dias. De acordo com o regimento interno da UFMG, “condutas agressivas e desrespeitosas com qualquer membro da comunidade acadêmica são passíveis de penalidades como advertência, suspensão e expulsão da universidade”.

 

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