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Alternativa democrática à esquerda, novos ritmos para Maceió

Por Silvio Rodrigo 

Os territórios políticos de Alagoas rearranjam alianças em conformidade com a pouco sofisticada e rudimentar dança das cadeiras nos municípios e suas respectivas insígnias familiares que remontam ao século XIX.

São como casarões antiquados em meio a lâmpadas de LED e delivery por aplicativos.

A sonoridade dos discursos políticos são músicas de outras épocas, com ferramentas analíticas e retóricas saídas de um jornal antigo ou de uma velharia qualquer em um passado distante.

Mas o maior dinamismo econômico da capital Maceió consegue ensejar os interesses dispares em convergências políticas importantes: a oposição existe e vem de baixo para cima no modelo de sociedade piramidal desenhado pelas oligarquias.

Da modernidade contraditória e dos hiperestímulos da era digital erguem-se e multiplicam-se espaços de luta política, refrescando a esfera pública com mashups e remixes: melodias experimentais e realocações de rítmicas.

É o caso candidatura de Lenilda Luna, da Unidade Popular (UP).

“A classe trabalhadora é forte e não deve estar submissa politicamente a nenhuma oligarquia”, adverte a candidata em seu Instagram.

“Uma proposta de autonomia política da classe trabalhadora que se organiza para lutar por direitos. Um povo consciente que não vai votar nos representantes das oligarquias que nos exploram há centenas de anos”, denuncia.

Música para os ouvidos de qualquer trabalhador que procure por novas sinfonias.

Não é novidade: os projetos de JHC (PL) e Rafael Brito (MDB) são discos arranhados em uma quadra histórica onde cada um formata suas playlists. É um mar de possibilidades, mas os dispositivos em nossas mãos também permitem que os eleitores sejam mais seletivos.

E por isso procuram representação das suas identidades e necessidades coletivas. Democracia.

Muito embora o poder oligárquico se alimente dos conluios e acordos por posições político-administrativas e cargos de destaque – ou não, desde que o interesse privado receba as benesses do dinheiro público – o descontentamento é claro nos arredores da capital.

É promissor pois sempre haverá espaços para os descontentes, assim como para os que corajosamente denunciam a produção dolorosa e sistemática do subdesenvolvimento.

Tio Jota e Tio Rafa são a chaves mestras para salas e salões de conversas miúdas sobre elites, valores tradicionais e valsas aristocratas com passos marcados. Os nomes antigos, murchos como frutas esquecidas na mesa dão o tom para que serviçais rodopiem seus entornos com bandejas cheias vantagens.

São reflexos da província, um delírio sobre o passado mas que fantasmagoricamente tenta amedrontar o presente. Sem sucesso. Haveremos de ouvir outros sons.

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