Ícone do site Repórter Nordeste

Blog de Ana Cláudia: Alfabetização política esvaziando consciências

Em um seminário sobre educação, ouvi o palestrante contar uma história na qual Paulo Freire dizia a Gadotti que quem nos alfabetizava era a “política”!

Obviamente, a compreensão desta assertiva dependerá da leitura que cada um de nós possa fazer, levando em conta os elementos que tenhamos acumulado, como experiências e interpretações.

Contudo, a mesma frase me serviu de consolo, ao perceber como as instituições nos conduzem, como partícipes de mobilização a envolver políticas nem sempre dignas da nossa formação, crença e adesão ideológica.

A “política da empresa ou da entidade” nos diz o que devemos e também o que não podemos fazer!

Convicções pessoais são cada vez menos indicadas para garantir a sobrevivência profissional, resvalando, inclusive, para as relações pessoais.

Esse “alfabetizar” que a política conduz, está gerando multidões de ignorantes e indiferentes sociais, na totalidade dos espaços, sejam estes públicos ou privados.

Mais uma vez, nosso estado de Alagoas padece os malefícios da herança canavieira, agravando imensamente os feitos, estes firmados na truculência e péssimos trato aos desafetos, necessitados e anônimos; invisibilizados pela política de usufruto intenso e imediato do outro, sempre a subjugar.

A política perversa do mando subsiste nas páginas ensanguentadas da nossa história. Essa alfabetização violenta é facilmente localizada, seja na periferia das cidades, nas orlas de altos níveis econômicos, ambientes de serviço e rincões.

A estranha lição foi assimilada!

Todos nós sabemos o que reza a profecia dos poderes, dos macros àqueles menores, insignificantes, muitas vezes, contudo, exercido sobre alguém ou alguns.

A sabedoria de Freire traz advertências valorosas, mas até ela corre o risco de virar acessório dos poderes, em quadros luminosos, postos nas paredes, longe, bem distante da compreensão.

Sair da versão mobile