“Alegria de viver!” Coletivo reúne escritoras e promove troca de experiências

Mais um encontro de mulheres escritoras reuniu membros e simpatizantes do movimento cultural. O evento ocorreu na manhã desta segunda-feira (13/05) no Auditório da Escola Superior de Advocacia (ESA), na sede da OAB Alagoas em Jacarecica.

A ocasião conjugou leitura, poemas e dança. Com o tema “As mulheres estão escrevendo”, as palestrantes Lourdes Acioly, Edna Cunha e Ismélia Tavares dividiram experiências com a escrita.

A matemática e bailarina Dandara Medeiros abriu o evento com dança livre e comemorou mais um encontro de autocuidado ao lado de outras mulheres.

Matemática, professora e bailarina Dandara Madeiros. Foto: Divulgação.

A poetisa Lourdes Acioly explica a essência do movimento “Mesmo sem levantar a voz, estamos gritando”. Aos 83 anos, a professora, natural do agreste pernambucano, sempre quis e gostou de ver a vida como um poema. A leitura e escrita fazem parte da sua história desde muito cedo.

Acioly publicou seu livro, Girando Sóis, em 2023 e promete não parar mais de escrever.

Professora e escritora Lourdes Acioly, mostrando seu livro durante palestra. Foto: Divulgação.

“É para isso que o Coletivo serve, para fazer mulheres perceberem o que fazem: escrevem. Há muito tempo as pessoas fazem uma relação entre ser escritor e publicar um livro, mas as mulheres escrevem receitas, escrevem resenhas, escrevem poemas e aqui todo estilo de escrita é considerado, é elevado”, explicou Ana Claudia Laurindo, organizadora do grupo.

Ana Cláudia Laurindo, organizadora do Coletivo Mulheres que Escrevem. Foto: Divulgação.

A ideia é de que cada mulher tem a sua própria potência, seja a partir da delicadeza ou da presença extrovertida.

“Não podemos deixar essa ideia morrer. Sempre, em algum momento da vida, nós pensamos em algo que queremos desenvolver, pode ser um artigo, uma crônica e, às vezes, perdemos a oportunidade de escrever e esquecemos. São muitas cobranças em cima da mulher, mas temos que começar a colocar no papel, não podemos esquecer”, disse Edna Cunha, professora e jornalista.

Jornalista e escritora Edna Cunha, em palestra sobre sua trajetória em território acadêmico. Foto: Divulgação.

Do Rio de Janeiro, a escritora Ismélia Tavares ressaltou a multiplicidade de dispositivos de memória e une escrita e cultura popular para produzir narrativas sobre a experiência social.

“Não achei que iria pender para escrita”, ela relatou. Foi a curiosidade pelo livro que a fez se encantar pelo universo literário.

Escritora Ismélia Tavares em palestra sobre sua experiência como escritora. Foto: Divulgação.

No Coletivo, foi possível reafirmar sua trajetória:

“Eu sempre escrevi escondido, tinha diário, escrevia em papéis que estavam espalhados, escondido, sem a intenção de publicar. Escrever é uma coisa tão única, é uma coisa do autor, você é convidado a entrar em outro mundo, isso é muito bonito. Nós escrevemos de diversas maneiras, a arte é algo extremamente importante, não dá para viver sem a arte. É nela que nós vivemos as coisas mais verdadeiras”, disse Tavares.

Linguagem política: “Escritora é quem escreve!”

O Coletivo institui uma visão política que possibilita incluir mulheres no campo da escrita a partir de seus cotidianos, que muitas vezes não permitem ou não dão possibilidades imediatas a mulheres que sempre escreveram, mas nunca conseguiram se perceber como escritoras e, por isso, nunca publicaram.

A ideia visa se contrapor ao ponto de vista hegemônico de que escritor é quem publica, pois esta perspectiva impede a inclusão de experiências com a escrita.

Muitas mulheres que ainda não tiveram seus trabalhos publicados têm compilados escritos em acervos pessoais e que ainda não foram colocados no mundo editorial para compartilhar com outras mulheres.

As vivências diversas são agrupadas no Coletivo mas convergem na resistência feminina através da escrita que, muitas vezes silenciosas e escondidas, enfrentam a violência e a supremacia masculina no universo literário.

 

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