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Alain Oliveira: evangélico que a “Bancada” não representa

A ligação entre evangélicos e a política partidária brasileira teve ao longo de sua construção alguns jargões que eram reverberados por líderes e evangélicos de forma geral.

Listo abaixo alguns desses jargões, que são citados por teóricos que estudam o assunto com bastante aprofundamento: “Crente não se mete em política” (Freston, 1993); “Crente deve votar no governo” (Santos, 2005) e “Irmão vota em irmão” (Silvestre, 1986).

Com a organização da frente parlamentar evangélica a partir de 2003, também conhecida por “Bancada evangélica”, o intrometimento de alguns setores da igreja evangélica em áreas e assuntos que deveriam ser exclusivos aos direitos civis, deu lugar também as perseguições as minorias e aos que divergem politicamente do pensamento dominante que rege boa parte do evangelicalismo conservador brasileiro; e isso vem acompanhado de discursos de ódio e jargões como: “vamos varrer do mapa os bandidos vermelhos” (Bolsonaro, 2018); “A petralhada está desesperada” (Malafaia, 2018); “Os esquerdopatas que se cuidem” (Malafaia, 2018) e “A mente de um esquerdopata tem que ser tratada em um manicômio” (Feliciano, 2017).

Se esse segundo momento de jargões soar com normalidade para você eu lamento lhe informar, mas você anda distante do discurso de Cristo. Por outro lado, a boa nova é que pode haver mudança; e quem sabe você deixa de assimilar discursos que levam a violência simbólica e prática para assimilar o discurso de Jesus de Nazaré?!

Nós não precisamos de uma bancada religiosa no Congresso.

Mas falar sobre isso é perceber quanto custa caro ao entendimento de um povo teleguiado por pastores mercenários que impõem suas verdades aos seus seguidores.

Quem tem o mínimo de senso da realidade social e religiosa brasileira, percebe que a laicidade do Estado favorece a todos e de muitas maneiras isso pode ser positivo para nós evangélicos. Num passado não tão distante, pastores e demais evangélicos eram perseguidos no Brasil colonizado por Católicos. Hoje muitos (não todos) pastores e evangélicos perseguem.

Infelizmente as religiões de matriz africana continuam sendo perseguidas.

Por fim e a título de conhecimento aos que não sabiam, a Lei que trata sobre a “liberdade de culto” no Brasil foi encaminhada ao Congresso Nacional para compor a Constituição de 1946 pelo então deputado constituinte Jorge Amado, filiado ao PCB – Partido Comunista Brasileiro e religioso orgulhoso do Candomblé.

É a história que não veio através do Whatsapp mostrando o que querem esconder de você.

Alain Oliveira, autor deste texto, é mais um evangélico que não se sente representando pela Bancada evangélica.

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