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Alagoas perde protagonismo no 20 de novembro

É também resultado da pouca expressão das lideranças politicas locais junto ao Palácio do Planalto. Mas também a quase nula representatividade do movimento negro, espremido em cargos de quinto escalão na máquina pública. Movimentos que historicamente negociam- e a preço barato- seus espaços entre as oligarquias locais.

Sem força política e enroscado nas teias identitárias e decoloniais, o movimento negro, inerte, assiste à Serra da Barriga em Alagoas- palco do Quilombo dos Palmares, o maior das Américas- perder força na própria representatividade. E o Rio de Janeiro tomando estes espaços.

No próximo dia da Consciência Negra, o Rio vai reabrir o Cais do Valongo, pós-restauração. É um acontecimento mundial. Graças ao movimento negro (de lá), foi tornado patrimônio histórico da Humanidade, pela Unesco. Graças ao movimento negro (de lá), há intensa produção de estudos e documentários para um local que recebeu 1 milhão de escravizados, arrastados à força da África para serem massacrados no Brasil, produzindo açúcar para o europeu.

A classe política prepara discursos para impulsionar aquele espaço que é a história pura do Brasil.

Também temos em Alagoas essa história pura, na Serra da Barriga, onde Zumbi reinou, e a Serra Dois Irmãos, em Viçosa, palco da batalha final pela tomada do Quilombo dos Palmares. Sem falar na igreja de Nossa Senhora da Apresentação, em Porto Calvo, onde Zumbi foi batizado como Francisco.

Lugares que vão ficando à margem, no dia da Consciência Negra.

Nem é preciso tanto esforço. Com os representantes locais do movimento negro, é disso para pior.

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