O poder Judiciário resolveu agir na cidade de Murici (zona da mata alagoana), onde até o prefeito, Olavo Neto (MDB), está com coronavírus. Determinou toque de recolher às 10 da noite e a circulação de carros de som pelo pequeno município a 48 quilômetros da capital alagoana avisando sobre os riscos da doença e pedindo que as pessoas passem a maior parte do tem em casa.
Murici é a terra do senador Renan Calheiros (MDB). Renan Filho (MDB) foi prefeito dela, virou deputado federal e agora governador de Alagoas.
Só que Murici, cujo prefeito é primo do governador, assiste a um Judiciário muito mais protagonista numa pandemia que no restante do Estado, onde há uma escalada dos casos de covid-19.
O alerta vermelho veio ontem: 52% dos leitos destinados exclusivamente aos pacientes de covid-19 já estão ocupados. São 777 casos diagnosticados, 36 mortos.
O governador foi diagnosticado com covid-19. 3 secretários estaduais também estão doentes. Além de dois deputados estaduais.
Mesmo assim, não há medidas mais duras nem do Governo nem do Judiciário para que os alagoanos que furam o isolamento social sejam obrigados a respeitarem as recomendações sanitárias.
Em Palmeira dos Índios (entre o agreste e o sertão alagoanos)- onde o prefeito Julio Cezar (PSB) avisou nesta quarta-feira (29) estar com covid-19- ele mesmo não renovou o decreto de emergência para evitar aglomerações. Nas ruas, é comum observar filas nas portas de lotéricas ou bancos. E a maioria das pessoas sem proteção, como máscaras.
Em Matriz de Camaragibe (litoral norte), que registra uma morte por coronavírus, é raro encontrar uma pessoa com máscara nas ruas, que seguem cheias de gente. Aos finais de semana, são comuns as festas e o silêncio da polícia.
O Judiciário de Palmeira e Matriz de Camaragibe sabem dos furos do isolamento. E não agem.
A pandemia odeia os homens. Os homens que poderiam agir melhor contra ela lavam as mãos.
